Título da redação:

A ditadura da beleza e a opressão social

Tema de redação: Padrão de beleza e sociedade.

Redação enviada em 03/10/2017

No início do século XX, as Vanguardas Europeias destruíram o conceito de belo, se distanciando das referências de “perfeição” dos períodos anteriores. No cubismo, a estética ganha aspectos geométricos e a figura humana pode se deformar, como ocorre na obra Les demoiselles d’Avignon de Pablo Picasso. Entretanto, tais correntes artísticos ao entrarem em contraste com o padrão do belo daquele momento não foram aceitas pela sociedade. De modo análogo, hodiernamente, pessoas que não possuem o padrão de beleza imposto pela era midiática, são excluídas socialmente. Nessa conjectura, levando-as a uma destrutiva busca pela aceitação – mediante a obtenção do corpo “perfeito”- em detrimento de sua saúde física e psicológica. Mormente, deve-se ressaltar que os fatos sociais descritos pelo sociólogo Émille Durkheim, agem coercivamente influenciando as atitudes dos indivíduos. Sob essa óptica, a mídia usa seu poder coercitivo para vender um modelo ideal de estética, utilizando-se de artifícios como campanhas publicitárias onde a referência principal é o corpo magro, alto e malhado. Nesse viés, surge a indústria da beleza mercantilizando tal padrão por meio da comercialização de cosméticos e remédios emagrecedores. Dessarte, o corpo torna-se um capital sine qua non para o prestígio e status social, onde aquele que não consegue adquiri-lo - até por questões biológicas - acaba sendo estereotipado e isolado. Infere-se, portanto, que a beleza age como opressora social e a exclusão causada por essa é validada pela mídia. Ademais, há ainda aqueles que visam tornarem-se padronizados a qualquer preço. Nessa perspectiva, indivíduos pressionados pela ditadura da beleza optam por métodos invasivos como: cirurgias plásticas e uso de anabolizantes, colocando em risco sua saúde para - tentar – atingir tal ideal. No entanto, o padrão – irreal - disseminado pela mídia é incansável, aja vista que, até mesmo aqueles que são considerados ícones de beleza, possuem suas imagens manipuladas ao posarem para capa de revista. Por conseguinte, essa tentativa torna-se perene, acarretando o desenvolvimento de patologias psicológicas como a síndrome da desmorfofobia - conhecida como síndrome da feiura imaginária - na qual seu maior exemplo foi o cantor Michael Jackson que perdeu parte de seu nariz em uma das inúmeras cirurgias plásticas que ele havia feito. Destarte, urge que o Estado, por meio do Legislativo crie leis que obriguem revistas e campanhas publicitárias a especificarem quando a imagem for manipulada. Dessa maneira, contribuindo para que o padrão de inatingível, não seja vendido. Outrossim, a escola a partir de debates deve contribuir para a quebra de estereótipos vigentes, corroborando para que crianças e adolescentes não sejam vítimas da ditadura da beleza. Por fim, artistas de todas as áreas podem contribuir usando sua visibilidade para promover a ruptura do culto a perfeição corporal e em prol da diversidade, por meio de protestos artísticos semelhantes aqueles promovidos pelas Vanguardas Europeias