Título da redação:

A beleza como mercadoria

Tema de redação: Padrão de beleza e sociedade.

Redação enviada em 22/06/2015

Guy Debord, em "A Sociedade do Espetáculo", propôs que os valores sociais invertem-se concomitantemente ao movimento de ascensão do imagético em detrimento do real; ou seja, quando a imagem, o "espetáculo" passa a ser realidade social, a realidade torna-se espetacular - no sentido de irreal, utópica -, assim como seus valores éticos e estéticos. Estes são, infelizmente, os valores das atuais sociedades capitalistas ocidentais - para Debord, baseadas no último grau de alienação do trabalhador em relação à produção: o próprio espetáculo. Essa criação de valores é desenvolvida pela mídia, que visa aumentar a demanda por produtos desenvolvidos pelas indústrias que a sustentam. Ocorre, então, a fetichização da estética, da beleza, que passa a ser, dessa maneira, mercadoria. Entretanto, como o indivíduo real jamais alcança o padrão determinado pela mídia, grandes problemas sociais são gerados, como a alienação do cidadão, que passa a associar felicidade a beleza artificial e bens materiais e, consequentemente, torna-se consumista. A criação dessa demanda gera problemas relacionados à sustentabilidade ambiental e à sanidade mental do indivíduo. Aquele é agravado pela necessidade cada vez maior de insumos para a produção da beleza midiática e de testes em animais para a criação de cosméticos; este se dá pela frustração causada pelo infindável não alcançar da beleza desejada, o que pode levar a distúrbios psicológicos, como à anorexia e à depressão. Portanto, a partir dos fatos e argumentos supracitados, conclui-se que o padrão de beleza ditado pela mídia é destrutivo e deve ser descartado ou adaptado à realidade por meio da tomada de consciência do indivíduo e do setor privado, produtor do espetáculo. O Poder Público deve agir de maneira a regulamentar o conteúdo propagandístico, não impedindo a comercialização da mercadoria, mas alertando o cidadão, por meio de propagandas e de programas escolares, sobre os males que podem ser causados pelo consumismo, pela alienação e pela busca de uma beleza artificial inalcançável e insustentável.