Devido ao Projeto de Lei (PL) que retira a obrigatoriedade de informar se produtos têm origem transgênica, repercute no país a discussão sobre o acesso à informação. O PL, já aprovado na Câmara dos Deputados, fomentou opiniões divergentes, por isso, a fim de evitar posicionamentos equivocados, é necessário reflexão em torno do assunto. Na sociedade contemporânea, a maior parte das ações tomadas são baseadas em informações adquiridas antes de agir. Em especial aquelas ações relacionadas à cidadania, como opinar, votar, denunciar, e, inclusive comprar. Isto é, primeiro absorve-se o conteúdo selecionado, depois, estabelecem-se comparações e julgamentos cognitivos, então toma-se uma atitude. Sendo assim, as informações são indispensáveis diante das escolhas que devem ser tomadas no cotidiano. Deve-se compreender que comprar é um ato político, uma vez que, o consumidor reafirma o poder de uma empresa comprando seus artigos. O Projeto de Lei trata de um assunto controverso, pois elimina a necessidade de informar sobre a origem de uma mercadoria. Quando trata-se de transgênicos, o tema torna-se mais polêmico, pois a sociedade é pouco informada, de fato, sobre seu processo de produção. Vale lembrar que alimentos de origem transgênica são proibidos na Europa. É sabido que, as empresas fabricantes desses produtos estão argumentando em defesa de sua liberdade de expressão, isto é, dizem ser direito seu decidir o que deve ou não estar estampado nas embalagens de suas mercadorias. Todavia, colocar à disposição do cliente as informações que ele necessita para fazer sua escolha são atribuições mínimas de todo vendedor. A liberdade de expressão que seria suprimida é a do comprador, que ainda estaria sujeito a consumir alimentos cujas propriedades não são inteiramente conhecidas. Desse modo, percebe-se a importância do acesso às mais variadas informações para que se possa tomar uma decisão sensata, por ínfimas que sejam. Por isso, o Projeto de Lei deve ser vetado. Além disso, é imprescindível uma lei que obrigue as empresas a estampar em seus itens um selo único, que informe o que é transgênico, já que muitas pessoas ainda não sabem. Uma campanha midiática com esse aspecto também faz-se necessária. Por fim, setores da educação e pesquisa precisam investigar profundamente sobre possíveis malefícios ocasionados pelo consumo de tais produtos.