Durante a Revolução Francesa, o pensamento iluminista se difundiu na Europa e, entre seus princípios, constava a ideia de um Estado democrático que garantisse a igualdade de todos. Não obstante, hodiernamente, no Brasil, relacionamentos abusivos têm impedido que uma parcela da população desfrute desse direito na prática. Nesse contexto, não há dúvidas de que esse tema é um desafio no país, o qual ocorre devido não só à negligência governamental, mas também a uma cultura de desrespeito que permeia os relacionamentos brasileiros. Em princípio, convém ressaltar a educação como principal fator para o desenvolvimento de uma nação. Outrossim, atualmente, enquanto líder e maior economia do Mercosul, seria natural supor que o Brasil possui um sistema público com medidas educativas eficientes. Contudo, a realidade é justamente o oposto, e o resultado desse contraste é claramente refletido na forma abusiva com que os relacionamentos se dão. Segundo a revista "Superinteressante", mais de 80% dos brasileiros afirmam já terem sofrido algum tipo de abuso em uma relação amorosa. Diante disso, nota-se que o Estado tem falhado em promover o respeito e resguardar a incolumidade física e psicológica da população que se encontra em uma união amorosa. Faz-se mister, ainda, salientar a cultura de desrespeito ao próximo, vivenciada no país, como fator impulsionador do problema. Conforme Virgínia Woolf -escritora britânica- "nada é tão estranho como as relações humanas, com suas mudanças, sua extraordinária irracionalidade". A partir dessa perspectiva, fica nítido o quão complexo são os relacionamentos amorosos, tendo em vista que, muitas vezes, as partes preferem viver em um ambiente nocivo à sua saúde mental do que se afastarem do agressor. Ademais, esse fato corrobora a ideia de irracionalidade descrita por Virgínia, uma vez que a vítima não consegue se livrar das amarras de um abuso psicológico e, muitas vezes, acreditam merecer tal ofensa. Tendo em vista os fatos supracitados, faz-se necessário que o Governo Federal inicie uma campanha nacional sobre os riscos em torno de um relacionamento abusivo, promovendo -por intermédio da Lei Rouanet- um incentivo pecuniário aos artistas e formadores de opinião, para que esses produzam e compartilhem, em suas redes sociais, vídeos educativos, a fim de provocar o debate e uma conscientização da população acerca do assunto. Destarte, o Brasil poderá se ver livre dos relacionamentos abusivos e, ao menos nesse aspecto, alcançar a igualdade idealizada pelos iluministas do século XVIII.