Segundo a Organização das Nações Unidas, o Brasil é o quinto país do mundo no ranking de feminicídio, nos quais 41% dos casos de violência ocorrem dentro de casa. Nesse contexto, não há dúvidas que a permanência da maioria dos relacionamentos abusivos ocorre, sobretudo, pelo ideário machista presente na sociedade e a negligência governamental acerca da pauta. Ciúmes e cobranças excessivos são apontados como alguns indícios de desequilíbrio nas relações amorosas, nos quais impera a possessividade e o controle sobre a parceira. Nesse âmbito, as produções midiáticas e musicais brasileiras possuem profunda influência no sentimento de propriedade dos homens, em virtude da intensa objetificação que as mulheres sofrem. Tal situação é retratada na música “Química” do Mc Biel, na qual os versos “ Você me fala que não/ mas eu te provo que sim” desrespeitam a vontade e decisão da mulher. Outrossim, a promotora de justiça Fabíola Sucasas Negrão Covas, membro do grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica, afirma que a denúncia é só um dos pilares fundamentais do enfrentamento, uma vez que a mulher precisa ser amparada e protegida, não só pela justiça, como também por profissionais da saúde. Embora exista a opção de queixa às autoridades, o descrédito nas leis reafirma os relacionamentos já saturados, evidenciando-se, assim, a ineficácia das políticas públicas de proteção à mulher brasileira. É imprescindível, portanto, que, para a reversão desse quadro de violências físicas, verbais e psicológicas, o Governo Federal, juntamente com a sociedade, cumpra com a sua função. Desse modo, cabe à Segurança Pública assegurar o atendimento de qualidade à mulher, por meio da qualificação profissional e treinamento específico para o caso, de modo a validar a confiança nos recursos públicos. Ademais, é dever da sociedade denunciar os casos de violência e não permitir a propagação de possíveis impulsionadores de tal situação abjeta. Logo, com a efetivação dessas medidas, será possível notar a diminuição dos casos de relacionamento abusivo.