Lançado em meados do século XVIII, pelo físico Isaac Newton, o livro intitulado “Princípios Matemáticos da Filosofia Natural” formulou as leis básicas da mecânica clássica. Funcionando conforme a Lei da Inércia, a qual afirma que um objeto inerte permanecerá em repouso até que um agente externo altere esse estado, os relacionamentos abusivos no Brasil revelam problemas, sendo necessárias ações manifestas para a mudança desse cenário. Segundo Sartre, filósofo francês, o ser humano é autônomo, consciente e responsável por tudo o que faz ou cria. Desse modo, recai sobre a humanidade a atribuição de tornar a comunidade mais segura e pacífica, inclusive no âmbito dos relacionamentos afetivos. Contudo, essa utópica concepção diverge da atual situação brasileira. De acordo com Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum, 67 ocorrências de feminicídio foram registradas em 2015 somente no estado do Piauí, sendo essa uma taxa preocupante que evidencia a fatalidade decorrente de relacionamentos abusivos. Por meio da estatística evidenciada, é possível notar um terrível quadro de opressão e violência contra o sexo feminino no país, algo que prejudica o bem-estar das mulheres e a qualidade das relações humanas. Sendo assim, de acordo com o conceito filosófico exposto, desde que haja colaboração entre o corpo social e o Estado será possível contornar o problema discutido. Ademais, é oportuno lembrar que, na obra literária chamada “Ética a Nicômaco” o filósofo grego Aristóteles desenvolve ideias acerca da política, que para ele é o principal fundamento da ordem no mundo. De modo análogo, a insuficiência estatal em fiscalizar crimes de violência contra a mulher funciona como fator impulsionador do problema, visto que, das 4657 mulheres assassinadas em 2015, apenas 533 foram classificadas como vítimas de feminicídio, segundo o Fórum de Segurança Pública. Com isso, percebe-se a falha existente na execução das leis de proteção à mulher, algo que leva à desordem social citada nos pensamentos de Aristóteles. Assim sendo, medidas são necessárias para resolver o impasse. Logo, visando a resolução dos problemas em pauta, o Ministério de Segurança Pública deve, em conjunto com professores e alunos de universidades públicas, criar um aplicativo compatível com celulares que funcione como linha de comunicação direta entre as autoridades e as vítimas de relacionamentos abusivos. O aplicativo será gratuito e terá como função fornecer sigilo às mulheres, assim como facilitar a comunicação dessas com os agentes policiais mais próximos. Desse modo, o Estado criará um banco de documentos com as informações dos casos, dinamizando os processos jurídicos. Dessa maneira, a inércia do problema será superada, e as mulheres do país viverão bem.