Para Nelson Mandela, “ninguém nasce odiando uma pessoa, elas são ensinadas a odiar. Nessa perspectiva, é possível compreender que um dos fatores que impulsionam os comportamentos violentos dentro dos relacionamentos abusivos é uma questão cultural em que o machismo ainda possui forte influência. Além disso, é notório que as maiores vítimas desse tipo de relação são as mulheres, que sofrem com uma objetificação em que os homens se acham “donos” de suas parceiras. Essa distorção de valores reflete nas relações amorosas e, consequentemente, na violência contra a mulher. Embora Gael e Clara, personagens da novela “O outro lado do paraíso”, serem um casal fictício é comum na vida real existirem relacionamentos abusivos, como o deles. As “Claras” da vida real, assim como na novela, são vítimas de um envolvimento amoroso tirânico, em que seus companheiros se demonstram românticos e gentis à princípio, mas com o convívio deixam suas obsessões guiarem seus comportamentos, cerceando a liberdade feminina e culpabilizando a mulher por seu comportamento machista. Por exemplo, ao fazer terrorismo psicológico, diminuindo sua vida e fazendo-a acreditar que ela não possui nenhum valor. Ademais, também é característico de relacionamento abusivos o homem querer controlar as roupas, amizades e compromissos sociais da mulher, em casos mais trágicos configura-se crime de feminicídio. É necessário perceber que todos esses hábitos estão diretamente relacionados com uma cultura machista e patriarcal que imperou ao longo de toda a história do país. Ao concentrar o poder da família na mão do homem possibilitou abusos ao longo de anos. Mesmo que a sociedade atual tenha mudado, inclusive permitindo as mulheres a conquista de independência, essa liberdade não está completa, pois para se livrar dessas amarras sociais requer educação e diálogo. Enquanto o assunto for negligenciado e ainda existir no imaginário social, exemplos como, frases populares, em que “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”, o assunto da violência dentro dos relacionamentos continuará acontecendo e aumentando o número de casos, visto que o Brasil já ocupa o quinto lugar da lista de países mais violentos do mundo contra as mulheres, de acordo com a ONU (Organização da Nações Unidas). É importante destacar, contudo, que muitas mulheres não compreendem que estão em uma relação abusiva e continuam sendo vítimas de seus companheiros, ou em outros casos, não consegue se libertar do abuso. O fato é que para diminuir esse comportamento tirano é preciso que o Ministério da Justiça, em parceria com ONGs, desenvolva campanhas para informar sobre o comportamento abusivo, por meio de vídeos educativos nas redes sociais, como, por exemplo, um vídeo no Youtube chamado “Não confunda amor e abuso”. Ademais, é necessário que as Delegacias da Mulher criem canais de comunicação, por telefone e fóruns online, para conselhos e denuncia de violência doméstica. Por conseguinte, é crucial que a escola, juntamente com a família, discuta essas questões em sala de aula e em casa a fim de coibir o machismo e formar pessoas mais conscientes e menos violentas.