Desde a Antiguidade, os atos de repressão entre casais eram veiculados às manifestações de imposição e poder. Diante desse cenário, foi necessário que a sociedade rompesse com esse ideal, como o que é denunciado no filme "Dormindo com o inimigo" ao retratar o sofrimento de Laura, mulher jovem e bem-sucedida, insatisfeita com o casamento devido às agressões e ao ciúme de seu marido. Mesmo após décadas dessa exposição, o dilema mostra-se extremamente atual, visto que os abusos entre cônjuges é recorrentemente noticiado pelas mídias sociais especialmente quando extrapolam os limites humanitários. Nessa perspectiva, a questão é corroborada pela marginalização da criticidade e, dessa forma, a expansão sobre essas circunstâncias é de grande importância para a inversão desse panorama adverso. Deve-se pontuar, inicialmente, que a inércia criticidade da sociedade e o enraizamento de culturas tradicionais fazem com que esse problema seja intensificado. Durante o programa televisivo The Voice Brasil, uma das participantes anunciou o motivo para quase parar de cantar: a pressão do ex-namorado. Um dos jurados, a cantora Ivete Sangalo, usufruiu do momento para alertar sobre os males que os relacionamentos abusivos podem causar. Essa conduta machista e a conseguinte noção de superioridade masculina faz com que muitas mulheres sejam subjugadas e pressionadas pelos parceiros. Com isso, a autonomia individual é rompida e os seus feitos são submetidos aos prazeres de outrem. Vale ressaltar, também, que o sentimento de descrença e de subordinação faz com que o respeito mútuo seja algo distante da realidade, ao passo que muitas atitudes infringem a integridade física e psicológica da vítima e, mesmo assim, são minimizadas. Com isso, o ideal de controle sobre a vida e as escolhas do parceiro é consolidado, ao passo que manifestações agressivas torna recorrentes no dia a dia conjugal. Frequentemente, os meios midiáticos veiculam atos de repulsa contra relacionamentos abusivos, como o ocorrido na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), o qual alunos e professores manifestaram após presenciarem o carceramento de uma estudante pelo estudante na instituição. Dessa forma, comprova-se que a seguridade individual pode, similarmente, ser colocada em risco em diferentes situações. Depreende-se, portanto, que, diante da urgência de se suprimir esse contratempo, o Congresso Nacional, em parcerias público-privadas, deve incentivar entidades a cultivar a aspiração de equanimidade e de segurança para que as vítimas adquiram forças para conseguir sair dessas relações tirânicas. Outrossim, é necessário que as escolas, por meio de palestras ministradas por professores capacitados, envolvam meninos e meninas no combate ao sentimento de hegemonia entre os sexos, a fim de equipará-los para uma vida conjugal saudável. Dessa forma, os entraves que impossibilitam o progresso há milênios serão, finalmente, rompidos.