Carateriza-se como um relacionamento abusivo aquele o qual um parceiro exerce excesso de poder sobre o outro. Devido ao machismo institucionalizado em nossa sociedade, de maneira errônea tende-se a achar que tal problema só afete a relacionamentos heteronormativos. Contudo, o ciúme excessivo e o sentimento de posse afetam demais casais, criando um ciclo vicioso para aquela parte que vem a se mostrar mais frágil. O abuso pode vir a se manifestar de outras maneiras além da violência física, se fazendo assim necessária uma maior elucidação do tema. Estar em um relacionamento abusivo é algo que raramente é possível se reconhecer por conta própria, afinal seu início não se dá por meio da agressão que vem a ser sua manifestação mais latente. Eventualmente, há uma sugestão de roupa a ser usada, que pode vir a se transformar em uma imposição de quais peças devem ser vestidas ou não. Ademais, existe o controle de companhias, de lugares a se frequentar, e uma repressão da autoestima de um para com outro, assim tornando mais fácil o seu controle emocional. Aquele que vem a ser o opressor raramente toma tais atitudes de forma pensada e maldosa, é importante salientar a cultura de posse muitas vezes reforçada pela nossa sociedade. Em dias atuais onde é difícil se estabelecer uma divisão entre a vida online e offline, parceiros vêem as redes sociais por exemplo, como um meio de controle e monitoramento sem assim respeitar o direito a privacidade de seus cônjuges. Torna-se preocupante tais atitudes quando se tem a ciência que uma relevante parcela de crimes de feminicídio são de origem passional motivada por ciúmes. Levando-se em conta os aspectos observados, se vê necessária atitudes para a transformação do devido cenário. Se mostra interessante uma integração do Ministério dos Direitos Humanos com o Ministério da Saúde, tendo o primeiro um trabalho de prevenção com cartilhas e campanhas que alertem sobre os sinais de estar em um relacionamento abusivo. E o segundo de maneira remediadora se responsabilize pelo acompanhamento psicológico das vítimas, afinal, se torna evidente que os danos causados vão muito além de agressões físicas.