O filme de Frida Kahlo e Diego Rivera retrata um casamento baseado nos abusos morais e psicológicos contra a pintora mexicana. Por analogia, inúmeras mulheres brasileiras sofrem as mesmas condições que a surrealista. Nesse panorama alarmante, urge a necessidade de mitigar essa problemática no país, todavia, ela é persistente não só pela ideologia social, como também pelo deficit nas políticas públicas. A princípio, o machismo está enraizado na sociedade, com isso, exerce uma linha tênue entre o problema e a solução. No contexto histórico, o patriarcado, oriundo dos ensinamentos cristãos, fomentou o conceito de superioridade masculina. Sob essa ótica, a ideologia, que transcendeu séculos, é um agente agravador da situação feminina, haja vista que a Sociedade Brasileira de Psicologia notificou que a essência das relações abusivas é o pensamento errôneo do homem de se achar superior, em todos os parâmetros, em relação à parceira dele. Vê-se, pois, que a lógica da escritora francesa Simone de Beauvoir é coerente na conjuntura da sociedade brasileira: o presente não é um passado em potência, ele é o momento da escolha e da ação. Assim, torna-se da escolha do indivíduo permanecer retrógrado ideologicamente. Além disso, a ação governamental é falha na total proteção das vitimadas. Conforme a lei Maria da Penha, sancionada em 2006, o acolhimento legal de mulheres que sofrerem agressões às integridades físicas, psíquicas e sexuais é assegurado. No entanto, o Brasil apresenta uma antítese no que se refere à legislação, dado que, segundo a ONU, a cada 3 minutos uma mulher é vítima de alguma forma de agressividade e, em grande maioria, realizada pelos próprios conjugues. Dessa forma, a impunidade que o país expõe desmotiva possíveis denuncias e, consequentemente, punições, então, perpetua a problemática vigente. Em suma, faz-se essencial erradicar os relacionamentos abusivos e seus efeitos no Brasil. Logo, a rede midiática televisiva deve atuar na desconstrução masculina e no alerta feminino, por meio de palestras com psicólogos, a fim de ratificar as periculosidades exercidas pela ideologia patriarcal e acautelar sobre as características das relações errôneas, uma vez que reduza o número de mulheres sofredoras dessa barbárie. Ainda, cabe ao Ministério Público averiguar denúncias já realizadas e, em junção com meios publicitários, propagar informações sobre as formas de delatar os agressores. Só assim, o país impedirá a verossimilhança de brasileiras com Frida Kahlo.