Em 1948, foi promulgada pela ONU a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual buscou garantir a dignidade da pessoa e o bem-estar social. Todavia, a perpetuação de relacionamentos abusivos no Brasil, advinda do machismo e da falha estatal, impede que esses direitos sejam atingidos. Ao analisar o machismo, Durkheim, sociólogo francês, caracteriza-o como um fato social, uma vez que está enraizado na sociedade, atuando de forma autoritária e opressora, o qual molda os comportamentos sociais. Sob essa perspectiva, a população brasileira, pressionada pelo machismo, por intermédio das instituições sociais – Estado, Igreja, Família e Escola – reproduz discursos de ódio ao gênero feminino, assim como de superioridade masculina. Por conseguinte, os relacionamentos estruturam-se em bases culturais abusivas, as quais objetificam a mulher e a torna “posse” de seu companheiro. Portanto, gera-se a naturalização dos atos machistas e o aumento dos abusos. Ademais, a falha estatal na atuação ao combate do problema fortifica sua prática, já que o autor do abuso permanece impune e a vítima torna-se carente de meios para efetuar a denúncia. Consoante a isso, a Organização Mundial da Saúde apresenta que, aproximadamente, 29% das mulheres das regiões urbanas brasileiras já foram agredida no relacionamento, e que, no campo, pela menor atuação estatal, esse índice sobe para 37%. Logo, sem que haja o controle estatal eficiente e rápido, o relacionamento torna-se cada vez mais abusivo, fazendo com que discussões e violências psicológicas transformem-se em algo mais grave, como crimes de agressão física e assassinato. Depreende-se, dessa forma, que é necessário que o Governo Federal, junto com as mídias, vincule propagandas, por meio de publicações nos principais meios midiáticos – televisão, redes sociais e rádio, que informem lugares de assistência à vítima, como a delegacia da mulher, e que incentivem a denúncia da problemática. Dessa maneira, o Estado atuará de forma efetiva na desconstrução do machismo na sociedade brasileira, permitindo que as denúncias aumentem, e aplicação da lei seja mais eficaz, não deixando o abusador impune. Destarte, formar-se-á relacionamentos mais saudáveis, fazendo a expressão “entre tapas e beijos” apenas algo metafórico