A crise na Venezuela tem feito cada vez mais venezuelanos cruzarem as fronteiras rumo ao Brasil em busca de melhores condições de vida. O Estado de Roraima é a principal porta de entrada dos imigrantes que fogem do colapso de abastecimento de alimentos, do declínio dos serviços públicos e de uma inflação de 700% no país vizinho. A Prefeitura de Boa Vista estima que cerca de 40 mil venezuelanos já tenham entrado na cidade e representam mais de 10% dos 330 mil habitantes da capital, o que gerou uma crise de refugiados no Estado. Os serviços de saúde e educação em Roraima estão sobrecarregados por conta do repentino aumento populacional. Os venezuelanos chegam ao Brasil com casos de diarreia generalizada e infecções respiratórias devido aos altos níveis de desnutrição, sobretudo crianças e mulheres, o que tem afetado muito os sistemas imunitários. Desse modo, o governo de Roraima pediu ressarcimento de R$ 184 milhões em gastos que o Estado afirma ter tido com a crise de refugiados desde 2016 e alega que a União não tem cumprido com suas obrigações em relação ao controle da fronteira. Ademais, a crise no Brasil gerou uma taxa de desemprego de 13,1% no primeiro trimestre de 2018 e já atinge mais de 12 milhões de brasileiros, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e a chegada de imigrantes é um fator que contribui para o aumento desse indicador. A falta de oportunidades de emprego impede que os venezuelanos possuam renda própria e consigam manter-se no país independentes de auxílio do Estado. Por conseguinte, os refugiados vivem em condições precárias sem emprego, moradia e educação para os jovens e crianças. Em suma, o Governo Federal em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) devem investir em políticas públicas para recolocação social dos venezuelanos, como orientação cultural, formação linguística e profissional, além de projetos para arrecadação de doações em todo o país. Os imigrantes também devem ser realocados para outros Estados do Brasil a fim de aliviar a sobrecarga de Roraima e possibilitar a integração desses na comunidade, bem como o acesso à educação e saúde, já que a crise na Venezuela não é somente uma questão política, mas humanitária.