A obra "A hora da Estrela" da escritora, Clarice Lispector, retrata a difícil realidade de uma emigrante nordestina que muda para o Rio de Janeiro a fim de sair de sua conturbada vida Severina. No entanto, ao chegar na nova região, é abstraída pela sociedade vigente, vivendo em extrema pobreza. Partindo desse pressuposto literário, é pertinente assemelhar a realidade dos refugiados venezuelanos com a problemática da personagem retratada no romance, uma vez que emigram-se pela carência de recursos econômicos, mas nesse contexto dos refugiados, soma-se à perseguição política da recente crise da Venezuela, constituindo um quadro preocupante para o governo brasileiro assegurar saúde pública e fontes de trabalho para tamanha demanda. Em uma primeira abordagem, é importante ressaltar a questão da saúde pública carecida para suprir os refugiados. Tal fator advém, principalmente, pela má administração dos setores municipais na manutenção dos hospitais públicos em algumas cidades do estado de Roraima, local onde os refugiados alojaram-se. Para se ter uma idéia desse descuido, os 15% da verba federal do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) direcionada para a saúde pública não foi devidamente aplicada, é o que mostrou uma reportagem do portal Globo numa operação da Polícia Federal em 10 prefeituras do estado. Com isso, sem suplementos nas unidades de saúde, o atendimento para os brasileiros e os refugiados é corrompido, logo, fiscalizar a aplicação da verba federal e exigir mais recursos para os municípios que estão recebendo os imigrantes é dever dos legisladores públicos para melhorar a corrompida saúde pública dessas regiões. Em uma segunda abordagem, é importante ressaltar que além das implicações na saúde pública, o mercado de trabalho já não abrange vagas para tamanha demanda. Segundo Anthony Giddens, sociólogo britânico, o trabalho está atrelado na vida das pessoas influenciando sob os comportamentos individuais. Seguindo essa linha de pensamento, observa-se que a imigração dos venezuelanos pode ser encaixada na teoria do sociólogo, dado que mudam de país para procurar trabalho e garantir recursos essências para suas famílias. No entanto, as pequenas cidades como Pacamaira e Boa vista, já não disponibiliza muitas vagas de trabalho. Desse modo, muitos refugiados se alojam nos antigos prédios públicos a deriva de voluntários como apresentado a um documentário do Fantástico. Desta maneira, organizações familiares de agricultura e as oficinas de construção são alguns exemplos para garantir trabalho para essas pessoas viverem em território brasileiro. Fica claro, em suma, que o quadro de refugiados venezuelanos no Brasil é preocupante, visto que compromete a saúde pública precária e o mercado de trabalho em baixa. Desse modo, o Ministério da Saúde, junto com as ONGs voluntárias, deve organizar o atendimento por meio de pronto socorros remotos, com o intuito de normalizar o exarcebado número de pacientes nos hospitais. Nessa perspectiva, o Ministério do Planejamento, junto com as assistências sociais de cada município das regiões fronteristas, deve remanejar os refugiados em regiões com menor índice populacional, desenvolvendo em conjunto por intermédio de palestras e matérias didáticos, a aprendizagem do idioma português e o direcionamento desses imigrantes para a prestação de serviços nas comunidades carentes, com o propósito de receberem renumeração salarial pela sua mão de obra. Assim, sendo tomadas as medidas necessárias, os problemas dos refugiados em território brasileiro será solucionado, quadro o qual não solucionou para a emigrante da obra de Clarice Lispector.