Historicamente, o povo brasileiro sempre se mostrou muito acolhedor para com os povos que abandonaram os países de origem em busca de melhores condições de vida em território brasileiro - como é o caso dos imigrantes portugueses, italianos e espanhóis ao longo dos séculos os séculos XVI a XVIII. Frente a essa perspectiva, é possível compreender a atual sensibilização da população brasileira para com os imigrantes venezuelanos que adentram o Brasil em situação de extrema pobreza. Todavia, tal situação deve ser encarada com muita cautela, já que traz grandes preocupações tanto para a população quanto para o governo brasileiros. A população brasileira, em sua maioria, sensibiliza-se com a situação desumana enfrentada por seus vizinhos venezuelanos e procura acolher-lhes. Um grande exemplo é a cidade brasileira de Boa Vista em Roraima, que atualmente acolhe cerca de 40 mil venezuelanos, número esse que já chega a representar mais de 10% da população e que aumenta a cada dia, segundo dados do IBGE e da Polícia Federal. Entretanto, à medida que a população aumenta, a demanda por serviços públicos essenciais cresce, o que reduz a qualidade da já debilitada infraestrutura dos serviços públicos do Brasil, como pode ser observado na relação entre a quantidade de atendimentos a venezuelanos no Sistema Único de Saúde (SUS) - que passou de 766 em 2014 para 18 mil em 2016, segundo dados da secretária de Saúde de Roraima - e o aumento do descontentamento por parte da população em relação às medidas de acolhimento aos imigrantes adotadas pelo governo brasileiro. O governo brasileiro, apesar de implementar políticas de auxílio aos imigrantes venezuelanos - como a construção de abrigos coletivos e a extinção da taxa cobrada para o estabelecimento de moradia temporária -, já apresenta preocupações com a resolução humanitária adotada, o que mobilizou a visita dos ministros de segurança pública à principal fronteira entre o Brasil e a Venezuela, fato que trouxe grande instabilidade em relação à atual política de migração brasileira. Em frente disso, cabe ao governo brasileiro promover políticas de inclusão social e profissional direcionadas aos imigrantes, por intermédio de programas de capacitação profissional baseados nas necessidades do mercado de trabalho regional, além de programas que promovam a interação entre as culturas brasileira e venezuelana - com propostas de compartilhamento de vivências e experiências entre os povos-, a fim de interiorizá-los e oferecer-lhes melhores condições de vida. Afinal, o amor ao próximo não conhece fronteiras.