De acordo com Franz Kafka, “a solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana.” Nessa perspectiva, receber os refugiados venezuelanos requer mais que o sentimento, pois é necessária uma infraestrutura para acolher o imigrante e permitir que esse recomece uma vida digna no Brasil. As imigrações de cidadãos da Venezuela tiveram um elevado crescimento no ano de 2016, devido, principalmente, a instabilidade política do governo de Nicolás Maduro, acarretando em uma grave crise social, em que falta o básico, como alimentos. Desse modo, muitas pessoas se viram obrigadas a imigrar à procura de melhores condições de vida. Esse cenário é ratificado com os cerca de 40 mil venezuelanos, segundo a prefeitura, que estão em Boa Vista, capital de Roraima. Em primeiro lugar, é importante perceber que para receber esses refugiados o Brasil deve possuir um plano de ação para acolhimento, contudo, lamentavelmente, o Estado Federal não propôs nenhuma medida para receber os imigrantes, de modo a sobrecarregar o estado de Roraima que já está em situação de emergência, pois não consegue atender a toda demanda de postos de trabalho, saúde, educação e moradia para estes indivíduos. Ademais, a falta de uma resolução do governo brasileiro provoca um aumento de casos de violência e xenofobia, contra os venezuelanos. Ocasionando o “pânico moral”, definido por Zygmunt Bauman, como o medo que algo terrível esteja ameaçando o bem-estar da sociedade. Entretanto, os imigrantes não devem ser vistos como uma ameaça, mas como indivíduos que podem contribuir com a nossa sociedade. Assim como fizeram os diversos imigrantes, italianos e alemães, no Brasil do século XIX, que ocuparam, principalmente a região sul do país e contribuíram com o progresso da economia brasileira. Por conseguinte, receber os refugiados da Venezuela é um ato não só moral, mas de empatia com o sofrimento do próximo. Dessa maneira, é indispensável que o Governo Federal desenvolva uma interiorização desses imigrantes, analisando os Estados que possuem postos de trabalho disponíveis, e disponibilizando transporte para chegar ao destino. Ainda assim, ONGs, em parceira com a mídia, podem promover campanhas para sensibilizar as pessoas que o refugiado está nessa situação não porque quer, mas sim por necessidade, somente assim a solidariedade pode de fato existir.