As migrações fazem parte da história do mundo e do Brasil. A canção Asa Branca de Luis Gonzaga retrata bem isso, a migração do sertanejo fugindo da seca e da fome. Atualmente, um drama parecido vive o venezuelano, que deixa seu país de origem em busca de alimento, medicamentos e melhores condições de vida. Todavia, as expectativas de uma vida melhor nem sempre se concretizam, devido a falta de uma estrutura para receber esse refugiado. A Venezuela passa por uma crise sem precedentes, com uma inflação que chega aos 700% ao ano, a falta de comida e medicamentos, muitos venezuelanos não enxergam outra saída, senão a de deixar o país. As hordas migratórias para o Brasil se iniciaram em 2016, o principal destino é o estado de Roraima, que faz fronteira com o país. Segundo dados da prefeitura de Boa Vista, mais de 40 mil imigrantes já passaram pela cidade desde a instalação da crise. Um número que assusta se tomar como base que a cidade possui cerca de 330 mil habitantes. Desse modo, o aumento exponencial da população impacta diretamente nos serviços públicos, que não estão preparados para receber essa demanda. Nesse sentido, o Governo Federal iniciou medidas de ajuda no sentido de dar vazão a esses imigrantes para outros Estados e proporcionar melhor atendimento médico, montando hospitais de campanha. Essas medidas apesar de benéficas, ainda são consideradas tímidas, visto a crescente demanda e as condições debilitadas que esses venezuelanos chegam ao país, segundo a Defesa Civil do Estado. Somente no mês de janeiro deste ano, foram realizados 160 partos e mais da metade dos leitos do maior hospital de urgência da cidade estão ocupados por venezuelanos, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado. Logo, faltam políticas públicas substanciais para solucionar essa grave crise. Sendo assim, o Governo Federal deve consubstanciar a ajuda a esses refugiados, promovendo uma ação integrada entre os ministérios da saúde, da defesa, do trabalho e de desenvolvimento, para proporcionar moradias, trabalho, alimentação e saúde. Deve ainda trabalhar de forma integrada ao Estado e aos Municípios, no sentido de atender melhor esses refugiados, criando um ambiente de acolhimento. Para tal, deve promover palestras de conscientização em escolas e campanhas publicitárias nas mídias sociais. Dessa forma, atender com humanidade e dignidade àqueles que necessitam de suporte.