O preâmbulo na Carta da Terra - documento ético planetário - prediz que a humanidade deve adir forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura de paz. Sob essa ótica, contudo, a migração venezuelana em território brasileiro, motivada pela perseguição política, econômica e social, denega não apenas tais princípios morais, mas a própria Constituição de 1988, democrática e liberal, tal qual resguarda os direitos civis. À vista disso, renovar a união para cuidar uns dos outros se faz atitude essencial. A composição ‘’Política’’, de Aristóteles, remonta análises críticas sobre as formas de poder capazes de proporcionar melhores condições de viver em sociedade. No entanto, a gestão pública desatende a manutenção do bem-estar social, a julgar as condições precárias na segurança, saúde e educação pública, devido a uma série de fatores, dentre elas, a maior crise econômica que o Brasil lida. Desse modo, como resultado, fica praticamente inviável suprir as necessidades básicas dos novos imigrantes, ou seja, ofertar abrigos apropriados e empregos favoráveis, consequentemente, poderia haver uma população venezuelana mendicante no país. Por analogia, não há tecidos caso não haja células, não há órgãos e sistemas se não houver tecidos, isso reflete que assim como o corpo humano não trabalha só, o Estado, interpretado como organismo social vivo, necessita dessa unidade íntegra entre as divisões estatais para que, então, haja progressos adentro. Essa concepção estatal liberal liga a segunda ideia de Aristóteles, a qual indica que o ser humano seria naturalmente um ser societário e político, pois a sobrevivência dele dependeria do convívio com o próximo, porém, ante a atual sociedade brasileira, apesar de a Constituição proibir distinções entre brasileiros e estrangeiros que aqui vivem, vale ressaltar que os índios nativos vivem como imigrantes em território nacional, e até hoje, travam lutas pela própria preservação cultural e civil. Os venezuelanos, dado isso, poderão, adiante, sofrer com o descaso ou xenofobia. Conquanto, no musical infantil “Os Saltimbancos”, a canção “Todos Juntos”, com a participação de Chico Buarque, entoa: “Todos juntos somos fortes, Somos flecha e somos arco, Todos nós no mesmo barco”. Decerto, a harmonia nas interações humanas mostra-se importante frente das adversidades presente. Em contrapartida a desunião ora pública, ora social, são cabíveis correções contra a problemática. Cabe ao Poder Executivo estabelecer a corrente liberal, mediadora e conciliadora dos conflitos, promovendo mudanças econômicas nos gastos desnecessários e ajustes fiscais, criar políticas públicas para esses problemas sociais, quer dizer, investimentos governamentais sobre os setores do Estado mais devastados – escolas, hospitais, transporte públicos – a propósito de contemplar os nativos e necessitados, evitar a individualização social, preservando os anseios do bem comum, a fim de que, sucessivamente, a sociedade, de modo generalizado, clarifique-se. Logo, consoante a Carta da Terra, se cada pessoa ou nação fizer a parte dela, o mundo, doravante, melhorará.