O homem é, essencialmente, um nômade. Ao retroceder historicamente aos períodos antigos, nota-se que o ser humano sempre buscou por melhores condições, seja para criar animais ou então, considerando a história moderna, para fugir de repressões, como os puritanos ingleses. Nesse sentido, nota-se que há, atualmente, uma necessidade por parte dos venezuelanos de migrar para o Brasil, entretanto, estruturas sociais pouco desenvolvidas e a questão das fronteiras imaginárias são fatores que dificultam esse refúgio. Em princípio, vale ressaltar que as regiões fronteiriças do Brasil são atrofiadas, ou seja, não apresentam estruturas robustas de assistência. Nesse contexto, percebe-se que Roraima não possui serviços suficientes para um grande contingente populacional, não há investimentos eficientes por parte do governo nos setores de educação e saúde. Assim, a população venezuelana apenas muda a intensidade de seus problemas, sai de um país desestruturado para um com muitas regiões em situação precária, que é o caso das cidades do norte brasileiro. Desse modo, ocorre uma sobrecarga nos setores utilizados pelos moradores nativos, o que gera conflitos. Seguidamente, as fronteiras imaginárias, criações humanas, acorrentam o homem que, nas palavras de Rousseau, nasce livre. Dessarte, cresce a aversão ao diferente, a xenofobia, questão formada a partir dessa separação que ocorre entre populações. Essa ideia somada a questões socioeconômicas intensifica o desentendimento entre os diferentes grupos, os quais querem, cada um à sua forma, se manter em conforto ou próximo a isso. Dessa maneira, percebe-se que as correntes que eliminam a liberdade também degradam o sentimento de empatia, de entender a situação que o outro passa. Em suma, a situação dos refugiados venezuelanos está caótica, pois o país para onde migram não apresenta, na fronteira, regiões bem desenvolvidas, com estrutura capaz de lidar com situações calamitosas. Além disso, há as limitações imaginárias que o ser humano cria, dificultando a integração e a locomoção. O irônico, porém, é que o homem só está vivo por ter tido a liberdade de buscar melhores condições.