Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Os limites entre humor e ofensa

Redação enviada em 21/01/2019

Recentemente, as discussões a respeito da imposição de limites a certos comentários e "piadas" que possam ofender alguém ou alguma minoria social têm suscitado dois posicionamentos distintos na sociedade brasileira: por um lado, há aqueles que julgam a medida como um exagero que viola a liberdade de expressão; do outro lado, há aqueles que defendem o respeito das minorias sociais, que muitas vezes são alvo do suposto humor. Diante disso, é coerente afirmar que deve existir sim limites para o humor, na medida em que este ameace o direito à dignidade humana ou repercuta práticas medievais. É inegável afirmar que esse tipo de humor põe em risco a integridade humana, ao passo que marginaliza certos grupos sociais e suas conquistas. Exemplo disso é a "piada" da loira burra, que, apesar de parecer inofensiva aos olhos de muitos, na verdade é uma forma de deslegitimar as mulheres, colocando-as como intelectualmente inferiores aos homens. Essas piadas, portanto, ferem o aparato legal brasileiro, haja vista que este recrimina qualquer tipo de preconceito ou discriminação. Ademais, é oportuno dissertar que a prática de depreciar algúem ou uma minoria (os gays e os negros, por exemplo) é medieval e não pode ser encarada com naturalidade em uma democracia regida por uma Constituição Cidadã, como é o caso do Brasil. É possível, ainda, traçar um paralelo entre essa atitude repugnante e as cantigas satíricas de maldizer do Trovadorismo português, próprias da Idade Média. Elas consistiam em fazer críticas diretas a alguém, com intenção puramente difamatória, incluindo até mesmo palavrões e xingamentos. Isso nos remete aos discursos de ódio - velados sob a forma de piadas ou não - que reverberam no Brasil contemporâneo. Diante do exposto, é possível concluir que o humor pode, em certos casos, contribuir negativamente para a sociedade, já que põe em xeque direitos constitucionais importantes. Tendo isso em vista, é mister a participação do Ministério Público Federal (MPF) e da Escola Básica. Para reverter essa transgressão à lei, o MPF deverá apurar denúncias relacionadas à intolerância que se disfarça de humor, seja na internet - por meio de delegacias virtuais - ou em shows de "stand-up" - por meio de disque-denúncias, de forma a coibir a propagação de discursos de ódio. Além disso, a Escola desempenha um importante papel na consolidação da cidadania e, por isso, deverá promover o respeito às pluraridades, por meio material didático inclusivo, que permita o contato com diferentes nichos sociais. Dessa maneira, será possível se distanciar das medievalidades do trovadorismo e honrar um compromisso com o futuro no qual as diferenças serão bem-vindas, e não ridicularizadas.