Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Os limites entre humor e ofensa

Redação enviada em 07/10/2018

Produzidas em meados do século XI, as cantigas trovadorescas de maldizer tinham como principal finalidade tratar de desvios sociais por meio da crítica direta aos envolvidos e, por vezes, utilizavam termos chulos e grosseiros para conferir um teor humorístico. Nesse contexto, com o passar das décadas e o advento da globalização, as piadas satíricas conquistaram os ambientes teatrais, televisivos, bem como os virtuais, despertando questionamentos acerca do estabelecimento de limites que priorizassem o equilíbrio entre a produção artística e o respeito ao referido público. É preciso considerar, antes de tudo, que a liberdade de expressão, vigente desde 1988, deve estar em plena harmonização com os demais direitos constitucionais. Segundo Castro Alves, poeta romântico brasileiro, “A liberdade é para o homem o que o céu é para um condor.”, entretanto, apesar da vastidão aérea, as aves encontram-se suscetíveis a possíveis ataques competitivos e predatórios. Dessa forma, o mesmo se aplica aos comediantes que, ao usufruírem de tal liberdade em suas piadas, são passíveis de diversas interpretações e consequências indesejadas, como foi o caso do youtuber Júlio Cocielo ─ criticado severamente por internautas após fazer um comentário racista sobre o jogador francês Mbappé. Convém destacar, também, o círculo vicioso relacionado à aprovação e consumo de algumas piadas ofensivas. Nessa perspectiva, o preconceito enraizado na sociedade brasileira influencia, com frequência, diversos comediantes a construírem um humor baseado em estereótipos sobre os grupos minoritários, visto que a maioria dos telespectadores reage positivamente ao espetáculo. Desse modo, o reforço às condutas discriminatórias surge como saldo negativo dessas apresentações, que mascaram a intolerância por meio do riso fácil e, em tese, inofensivo. Torna-se indispensável, portanto, a adoção de medidas capazes de resolver a problemática em questão. Nesse sentido, cabe ao Ministério da Cultura, junto aos Três Poderes, criar uma lei específica que julgue e coíba manifestações humorísticas abusivas aos decretos da Constituição Federal, ao passo que haja a efetiva fiscalização aos shows de comédia e às colocações pejorativas por parte de artistas do ramo, a fim de combater essas divulgações indevidas e assegurar a dignidade de todos. Ademais, faz-se necessário que os meios midiáticos, em parceria com os institutos de ensino, atuem na realização de campanhas reflexivas sobre a desvalorização das minorias e seus impactos na sociedade. Somente assim, os limites serão respeitados e a balança do humor será equilibrada.