Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Os limites entre humor e ofensa

Redação enviada em 30/09/2018

Segundo Voltaire, filósofo iluminista francês, mesmo que não concordemos com teses proferidas pelos seres humanos, é necessária a defesa da liberdade de expressão. Tendo isso em vista, as discussões críticas e inteligentes ressaltadas pelo humor hodierno -em cartuns, charges, HQs- não devem ser silenciadas. Contudo, formas nocivas de humor, como as que inferiorizam os estereótipos, representam um problema a ser enfrentado pela sociedade brasileira. Em 2015, em resposta a algumas publicações preconceituosas referentes ao profeta Maomé, a revista semanal francesa Charlie Hebdo foi alvejada com uma série de ataques terroristas. Tal humor não comedido, que incentiva o ódio às Instituições ou às minorias sociais, exemplifica a falta de equilíbrio entre o humor e a ofensa dos humoristas na contemporaneidade. Dessa forma, a construção de um entretenimento saudável e ético é fundamental, a exemplo do humor crítico de Charles Chaplin. De acordo com o artigo 5° da Constituição Federativa Brasileira, a liberdade de expressão é um direito de todos os seres humanos. No entanto, quando esse constitucional não é ponderado criticamente, acaba denigrindo os indivíduos ao reforçar pejorativamente estereótipos, é o caso das piadas com mulheres, negros, idosos e obesos. Tais formas de entretenimento, que por vezes funcionam como válvula de escape da rotina, se tornam análogos a pesadelos para as minorias, visto que a habitualidade do preconceito proveniente do feedback positivo do público alvo é estimulada. Portanto, com o intuito de preservar o pensamento iluminista de Voltaire e contribuir para a construção de uma sociedade menos preconceituosa é necessário o auxílio de alguns agentes sociais. O governo, com a premissa de atenuar a disseminação do ódio no humor, pode criar um órgão que regulamente espetáculos, quanto ao conteúdo, penalizando aqueles que denigram a imagem do indivíduo e estimulem a padronização de elementos políticos e religiosos. Ademais, o quarto setor pode criar campanhas audiovisuais que estimulem a população a denunciar conteúdos preconceituosos referentes a programas humorísticos, para que os cidadãos desenvolvam a capacidade crítica e atenuem os feedbacks positivos a aqueles, que mesmo que pareçam inofensivos causam uma grande ruptura na coesão social.