Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Os limites entre humor e ofensa

Redação enviada em 15/06/2018

Durante o período da Idade Média, os grandes monarcas costumavam escolher sacerdotes - os chamados "bobos da corte" - que os divertissem, por meio de piadas com base no próprio cotidiano vivido. Ademais, a fantástica habilidade do ser humano em estabelecer novas formas de humor propagou-se pelo eixo temporal, fator que, hoje, ultrapassa os limites entre diversão e ofensa. Dessa maneira, revela-se crucial intervenções entre órgãos governamentais que consigam desfazer o discurso de ódio e preconceito suboculto nas piadas. Primeiramente, é válido lembrar que, da mesma forma que a Constituição de 1988 garante direitos como a liberdade de expressão, oferece proteção contra quaisquer formas de agressão física ou verbal presentes na sociedade. Em outras palavras, isso significa que, tanto o comediante quanto o expectador têm o pleno direito de, respectivamente, se expressar e se impor diante de situações que lhes causem desconforto e sofrimento. Por conta disso, recentemente, o comediante Rafinha Bastos, da emissora Band, foi demitido após realizar comentários obscenos a respeito da gravidez da cantora Sandy, em prol do humor - fato que o levou a responder processos por calúnia e difamação, já que feriu a dignidade da cantora e do bebê. Sob um segundo viés, o cantor e compositor Jimmy Hendrix costumava dizer que somente quando o poder do amor superasse o amor pelo poder o mundo conheceria a paz. Infelizmente, o discurso de ódio e preconceito enraizados na sociedade vão de encontro à concepção de Hendrix, uma vez que a disseminação de piadas sobre gordos, idosos, loiras, deficientes, negros, pobres - os ditos marginalizados - alastram-se pelas ruas, estabelecendo um jogo no qual vale brincar com as diferenças e o sofrimento alheio na busca pelo título de melhor comediante. Tal comportamento mostra-se inadmissível, visto que para se obter uma carreira de sucesso e reconhecimento os humoristas condenem determinados estereótipos. Além do mais, o piadista Daniel Nascimento, em resposta ao Jornal da Universidade de São Paulo, defendeu a existência de limites no humor, estabelecidos pelo próprio humorista, em consentimento com o respeito às diferenças. Destarte, torna-se imprescindível a existência de limites relacionados ao humor, tendo em vista os discursos de ódio e preconceito implícitos nas piadas. Em virtude disso, o Governo Federal pode direcionar verbas à criação de estabelecimentos regionais, nos quais sejam promovidos encontros entre humoristas e, com isso, a fusão de ideias e temas que descartem o envolvimento de estereótipos sociais para se promoverem, visando o fim do humor constrangedor e mal intencionado. Outrossim, aliada a proposta de intervenção federal, o Ministério da Educação deve disponibilizar psicólogos e psiquiatras que, durante os encontros, consigam expor, aos comediantes, os reflexos gerados na sociedade a partir da elaboração de piadas ofensivas. Somente assim, as conspirações de Hendrix serão consolidadas no Brasil, tornando-o símbolo de humor embasado no respeito à diversidade.