Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Os limites entre humor e ofensa

Redação enviada em 22/04/2018

O humor é produzido pelo homem no intuito de satirizar ou criticar alguma circunstância, o que gera efeitos na sociedade. É possível perceber essa prática no movimento literário do Trovadorismo, no qual cantigas de escárnio eram elaboradas para que o autor pudesse se manifestar sobre uma situação que o tinha desagradado. A partir disso, a democratização da liberdade expressiva, consolidada com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão no século XVIII, permitiu ao indivíduo uma maior facilidade na emissão de opiniões sem limites pré-estabelecidos. Assim, difundiu-se abertamente discursos preconceituosos, presentes ainda na atualidade, em que são fomentados pelo mal uso das redes de comunicação. No Brasil, a Constituição Federal garante ao cidadão o direito à manifestação argumentativa diante dos fatos. Dessa forma, mesmo práticas humorísticas que camuflam os discursos de ódio estão sujeitos às normas quando infringem o direito à diferença e à defesa de outra pessoa, pois, muitas vezes, os alvos desses feitos sentem-se aprisionados à própria condição, não reagindo a piadas que os remetem. Esses grupos alvos são, principalmente, minoritários, como as mulheres, conforme ocorreu com a fala de Léo Lins sobre o tema "a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira", o qual satirizou o fato de o intervalo de tempo de ocorrência da violência ser curto, embora ele nunca tenha visto nenhuma ser agredida. Dessarte, faz-se necessário repensar os limites entre o humor e a ofensa. Além disso, as tecnologias da comunicação podem ser utilizadas como instrumentos de propagação de hostilidades no espaço digital. Essa situação é notadamente visível em redes sociais, nas quais a divulgação de posições críticas acerca dos acontecimentos é facilitada. Ainda, a sensação de anonimato e impunidade diante da lei gerada pela internet, visto que, por ser uma espaço recente, não é especificamente referida nos códigos normativos, acarreta na disseminação de manifestações de preconceito abertamente. Isso ocorre com muitos humoristas que utilizam-se de suas páginas virtuais para denegrir a imagem de outras pessoas, visando assim, audiência e reconhecimento por piadas ofensivas. O filósofo Nietzsche aponta que se deve atingir na humanidade um estado de equilíbrio entre a razão e a emoção dos seres humanos nas ações. Com isso, a sociedade civil deve, conjuntamente, condenar qualquer ato de cunho humorístico que ofenda minorias sociais por meio de boicotes a espetáculos ou páginas que o pratique. Ainda, sites da internet podem oferecer opções de denúncias a casos de agressões virtuais contra as pessoas em páginas e publicações. Ademais, o Ministério da Justiça deve promover ações preventivas em shows humorísticos por meio de fiscalizações ao que está sendo transmitido, verificando e punindo, conforme a lei, casos de discurso de ódio e preconceito.