Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Os limites entre humor e ofensa

Redação enviada em 29/03/2018

Na sociedade, a ação de recorrer ao humor no intuito de satirizar ou criticar alguma circunstância é algo comum, como mostra o momento literário do Trovadorismo, no qual cantigas de escárnio eram elaboradas para que o autor pudesse se manifestar sobre uma situação que o tinha desagradado. A democratização da liberdade expressiva a partir da elaboração dos Direitos do Homem no século XVIII tornou a comunicação mais direta e a figura de autoridade não mais a bloqueava. Com isso, a configuração das redes sociais nos dias atuais permitiu ao indivíduo uma maior facilidade na emissão de opiniões sem limites pré-estabelecidos, o que promoveu a difusão de discursos preconceituosos, muitos deles na forma de piadas contra minorias. A Constituição brasileira vigente garante ao cidadão o direito à expressão e à manifestação argumentativa diante dos fatos. No entanto, as leis também criminalizam todo ato de repúdio contra o outro. Mesmo práticas humorísticas que camuflam os discursos de ódio estão sujeitos às normas quando infringem o direito à diferença e à defesa de outra pessoa, pois muitas vezes os alvos desses feitos se sentem aprisionados à própria condição, e acabam não reagindo a piadas que o remetem, tornando-se vítimas do público e do instigador que fomentam essas situações, ocorrendo frequentemente em ações xenofóbicas no Brasil. Além disso, as tecnologias da comunicação podem tornar-se instrumentos de propagação de hostilidades no espaço digital, principalmente em redes sociais, nas quais a divulgação de posições críticas acerca dos acontecimentos sociais é facilitada, junto à sensação de anonimato e impunidade diante da lei que a internet traz, visto que é uma esfera recente de comunicação, e não é especificamente referida nos códigos normativos. Essa situação acarreta na disseminação de manifestações de preconceito abertamente, ofendendo muitas pessoas que são atacadas de forma direta ou indireta. O filósofo Nietzsche aponta que deve-se atingir na humanidade um estado de equilíbrio entre a razão e a emoção dos seres humanos em suas ações. Dessa forma, a sociedade civil deve, conjuntamente, condenar qualquer ação de cunho humorístico que ofenda minorias sociais por meio de boicotes a espetáculos ou páginas que a pratique. Sites na internet podem oferecer em suas páginas opções de denúncias a casos de agressões virtuais contra as pessoas. Ademais, o Ministério da Justiça deve promover ações preventivas em páginas digitais e shows humorísticos por meio de fiscalizações ao que está sendo transmitido, verificando e punindo conforme a lei, casos de discursos de ódio e preconceito.