No final do século XX, com a chamada Revolução Técnico-Informacional, o desenvolvimento avançado da comunicação tornou o mundo ainda mais globalizado, estabelecendo, assim, a facilidade de acesso a diversos conteúdos. Nesse contexto, vem à tona a questão sobre quais seriam os limites do humor. Para provocar gargalhadas, muitos discursos humorísticos confundam-se mensagens de ódio, ferindo intimamente os grupos, sobretudo, minoritários. Ao longo da Roma Antiga, o humor era utilizado para aliviar tensões e adversidades das parcelas mais altas da nobreza. Tempos depois, o riso passa a ser encarado como característica singular do ser humano, expressa em momentos de felicidade e situações de comicidade. Entretanto, o ódio e o preconceito aparece muitas vezes disfarçado de humor, e quando isso acontece não se trata apenas de uma piada. Sob esse aspecto, é válido ressaltar momentos que justifiquem essa situação. Em 2015, o humorista Léo Lins divulgou sua própria versão sobre o tema "a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira", proposto pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Assim, em um dos trechos de sua "piada", o comediante ironiza o fato de que apensar de a cada 12 segundos uma brasileira ser violentada, ele ainda não havia visto nenhuma ser agredida. Destarte, muito além de ferir as mulheres que já sofreram alguma agressão, o discurso de Léo Lins banalizou, em grande alcance midiático, a gravidade temática. Fica claro, portanto, a necessidade de combater as frases ofensivas dentro do universo do humor. Dessa maneira, o Estado carece de fomentar práticas públicas, tal como a inserção na grade curricular do ensino fundamental a matéria Sociologia, priorizando os conceitos ética e moral, por meio do engajamento pedagógico, a fim de que seja debatido a respeito dos limites do humor. É imperativo, ainda, que a população, em parceria com as escolas promovam eventos plurissignificativos e seminários por meio de campanhas de caráter popular, para que listem os direitos de cada cidadão, dando ênfase ao quinto artigo constitucional, que devem ser respeitados e o riso, um dia diabolizado, deixará de ser produto de ofensas.