O humor é a capacidade que o ser humano tem de de olhar a realidade e ressignificá-la. Sob essa ótica, ele é usado como vetor de entretenimento e liberdade de expressão, Não obstante, o caráter problemático dessa forma de divertimento ou exposição de opinião é instalado quando ofensas são direcionadas, discriminando grupos com um viés histórico de luta e sofrimento, como negros, mulheres e deficientes. Na hodiernidade, ofensas com caráter humorístico são eventualmente tratadas como comuns, porém, diversas vezes o humor é usado como disfarce para discursos de ódio, fazendo pouco casos das dificuldades enfrentadas pelas potenciais vítimas, negros, mulheres e deficiente, que são alvo das piadas, desse modo, assim como na formação das rochas sedimentares, o humor ofensivo trabalha para uma consolidação lenta e gradual dos esteriótipos já presentes na sociedade. Ademais, as ofensas atingem os indivíduos instantaneamente, muitas vezes impossibilitando uma reação significante, visto que geralmente é interpretada apenas como humor por boa parte da população, colocando em face o caráter problemático dessa ação, dado que a discriminação e agressão verbal podem ser usadas livremente e não serem vistas como crime, fazendo valer a frase de Thomas Hobbes que diz que o homem é lobo do homem, ratificada quando ao invés de uma união para um bem maior, ocorre uma segregação discriminatória entre os da própria raça. Diante dos fatos supracitados, é perceptível que que limites precisam ser estabelecidos entre o humor e a ofensa. Por isso, é mister que o Governo Federal em parceria com o Ministério da Educação organize palestras conscientizadoras nas escolas, por meio de professores e psicólogos, visando uma melhor construção ética e moral dos jovens, para que, posteriormente, cenas de humor ofensivo não sejam tratadas como algo normal. Outrossim, faz-se necessário mudanças no âmbito constitucional, para que as ações agressivas discriminatórias em forma de humor sejam caracterizadas como crimes passivos de punições mais rígidas, por meio da criação de leis mais efetivas , sendo essa responsabilidade do poder legislativo, para que, assim, o cunho banal das ofensas seja eliminado.