Frente ao caos sociopolítico e econômico instalado no país, o humor tem se tornado a válvula de escape mais frequente dos brasileiros. Esse meio de entretenimento que, por vezes, apresenta nuances de crítica social pode, no entanto, se transformar em uma perigosa arma de reafirmação de estigmas sociais, além de desrespeitar a alteridade alheia, necessitando de medidas que o tornem o mais harmônico possível. A República Romana, temendo o surgimento de revoltas populares contra o desemprego vigente até então, organizou uma política conhecida como "Pão e Circo". A ferramenta de diversão era utilizada, assim, como forma de mascarar e fugir dos problemas sociais existentes. Não obstante à época, mas mudando o contexto da alienação imposta, observa-se uma gama de pessoas fugindo da crise nacional através do humor, sendo uma alternativa saudável, visto que proporciona momentos da felicidade tão sonhada pelos filósofos helenísticos. Todavia, ao se aproveitar dos estereótipos existentes para formular piadas e trocadilhos, os humoristas acabam por impregná-los na Psique humana, dificultando a atuação da luta por direitos iguais de vários movimentos sociais e violando a liberdade individual, as características pessoais que, segundo Tomás de Aquino, formam a essência do ser. Destarte, o humor como instrumento de diversão deve ser amplamente aceito e apoiado, mas, à medida em que se apresente como veículo discriminatório, necessita de barreiras que o mitifiquem. Para tanto, o público, como principal norteador do sucesso, deve proferir total rejeição a esse tipo de conteúdo, não demonstrando reação positiva ao mesmo. Além disso, o Legislativo brasileiro deve criar leis que assegurem a proteção da alteridade individual nesse contexto, caminhando em consonância com os direitos humanos.