Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Os limites entre humor e ofensa

Redação enviada em 03/12/2017

No dia 3 de outubro de 2013, o apresentador e humorista Danilo Gentili, apresentou, de forma satírica, a história da maior doadora de leite materno no Brasil, Michele Rafaela Maximino, comparando-a com uma vaca e até mesmo com profissionais da indústria pornográfica. Mesmo após quase 5 anos, as consequências dessas piadas na vida da mulher são funestas: a mesma é constantemente alvo de piadas nas redes sociais e seus filhos sofrem bullying na escola. Nesse contexto, é mister delimitar os limites do humor a fim de combater e evitar a ocorrência de casos como o apresentado. Em primeiro plano, é fundamental destacar que para o doutor em Linguística, Sírio Possenti, a piada é um veículo que explicita os preconceitos da sociedade. Por esse prisma, o humor que tem como alvo grupos sociais marginalizados é um reflexo direto das opiniões construídas por meio de um longo processo histórico, como é o caso da população negra, outrora escravizada, e as mulheres, desde muito tempo subjugadas ao patriarcado. Dessa maneira, desintegrar tais crenças, por meio de um trabalho lento e contínuo na educação, é um dos melhores caminhos para formar uma sociedade impermeável a piadas de cunho preconceituoso. Além disso, é importante destacar que no livro ‘’O Espírito das Leis’’, o filósofo iluminista Montesquieu, aponta que a liberdade não está no de fazer tudo o que se deseja, mas em executar tudo que é permitido no âmbito da legalidade. Nesse sentido, é incoerente considerar piadas que exprimem preconceitos a moral de pessoas como liberdade de expressão, mas como uma agressão passível de punição. Dentro dessa lógica, é imperativo fortalecer os mecanismos para que crimes dessa categoria sejam mais facilmente notificados. Assim, portanto, medidas que visem reforçar os limites do humor e lutar contra o quadro apresentado são urgentes. Com esse fim, as instituições de ensino, com a Secretaria de Educação, devem promover palestras com profissionais das áreas do Direito, Antropologia e Psicologia, abordando a problemática dos grupos sociais marginalizados, visando, com isso, provocar uma reflexão e, dessa forma, diminuindo a aceitação de piadas que veiculem preconceitos na sociedade. Em conjunto a isso, as ONGs, usando as redes sócias como meio para alcançar um grande número de pessoas, devem criar e divulgar campanhas incentivando, destarte, denúncias contra indivíduos que usem o humor como mecanismo de ofensa. Ademais, convém que o Ministério Público, por meio da internet, crie canais de denúncias, agilizando, desse modo, o processo criminal contra crimes com esse caráter. Logo, pouco a pouco, o limite entre o humor e a ofensa será mais claro e tangível.