Título da redação:

o riso dos outros tem limites

Tema de redação: Os limites entre humor e ofensa

Redação enviada em 16/02/2018

A globalização, iniciada na Era Pós-Moderna, facilitou o acesso às tecnologias e, principalmente, à internet. Este meio de comunicação promoveu o encurtamento das distâncias e o livre alcance a sites de entretenimento, como o Youtube e o Facebook, ambos são plataformas para divulgação do humor. Contudo, a acessibilidade também instaurou uma rede virtual de impunidade em que muitos humoristas expressam um verdadeiro discurso de ódio por meio das risadas. A gordofobia, homofobia, racismo e o machismo são as principais discriminações existentes em stand-up, vídeos e mensagens da internet, tendo visto que piadas que envolvem esse tipo de linguagem alcançam um riso fácil e garantido. O humorista é um ser social, logo as piadas feitas por ele são um reflexo do preconceito enraizado na sociedade. Neste sentido, as ofensas geradas no humor não devem ser uma responsabilidade apenas do humorista, mas também uma forma de analisar a formação dos indivíduos e os estereótipos sociais. Ademais, é importante ressaltar que a afirmação do sociólogo Pierre Bordieu na qual a violação dos Direitos Humanos não consiste somente no embate físico, o desrespeito está sobretudo na perpetuação de preconceitos que atentam contra a dignidade da pessoa humana ou de um grupo social, tornando assim inválida a conhecida frase "É só uma piada"dita por famosos humoristas, como Rafinha Bastos. Tal justificativa apenas expõe o quanto o preconceito é velado pelo humor. O humor, portanto, tem limites assim como qualquer outro discurso. É necessário que o Ministério da Cultura unido ao Ministério da Educação aborde esse tema através de campanhas e debates nas escolas para conscientizar o perigo e as consequências das ofensas geradas pelo humor, formando cidadãos desconstruídos desse humor preconceituoso e atuantes no combate da propagação do mesmo. Além disso, ONG's que defendem as minorias devem apontar e identificar os humoristas que ainda seguem essa linha de piadas para processá-los e evitar a propagação deste preconceito velado.