Título da redação:

. O riso dos outros

Tema de redação: Os limites entre humor e ofensa

Redação enviada em 29/06/2018

O AI5, instituído durante o regime militar no Brasil, previa a censura àqueles que contrariassem ou agredissem, de alguma forma, a estrutura política da época, ou seja, esse veto feria os princípios da liberdade de expressão. Vale lembrar que, em razão do conhecimento equivocado acerca da livre manifestação e das razões legais, esse conceito tem sido apropriado de maneira indevida, o que necessita de soluções urgentes. A princípio, deve-se discutir como a livre expressão tem se fundido, de maneira errada, ao discurso de ódio. Isso pode ser ilustrado pelo comportamento de alguns humoristas da atualidade, como Danilo Gentili e Rafinha Bastos, os quais agrediram verbalmente diferentes figuras, pois se achavam no direito de “fazer piada” com qualquer situação. Todavia o documentário “O riso dos outros” evidencia a diferença entre “rir com” e “rir de”, sendo o primeiro um processo de inclusão e o outro, de humilhação. Dessa forma, não compreender os limites do humor ou entre o discurso de ódio e a liberdade de expressão legitima posicionamentos fascistas perigosos à democracia, que acreditam na livre expressão como um recurso de vazão do preconceito. Outrossim, é necessário considerar a questão constitucional – norma de maior hierarquia no sistema jurídico brasileiro- como uma das responsáveis pelo problema. Essa legislação, ao não estabelecer critérios objetivos que diferenciem os limites entre o humor e a ofensa, acaba cedendo espaço para interpretações equivocadas por parte da população. Isso pode ser comprovado por meio da postura de muitos cidadãos brasileiros após o ataque ao jornal satírico “Charlie Hebdo” na França, com mensagens de apoio em favor da liberdade de expressão do jornal “somos todos Charlie”, porém ele foi alvo do ataque por ofender a religião islâmica com charge críticas do profeta Maomé. Desse modo, a sociedade cria uma visão deturpada ao confundir a liberdade de expressão com o desrespeito às diversidades culturais, o que é nocivo à sociedade democrática. Dessarte, medidas como o combate ao discurso de ódio, por meio de “posts” nas redes sociais, são importantes para amenizar o dilema. A ação pode ser feita por páginas como a “Quebrando o tabu”, que se impõe conscientemente. Ademais, o Mec deve implementar um projeto de divulgação dos direitos humanos que, com o amparo dos profissionais da educação, pode desenvolver a empatia, nos alunos, já no ensino básico com o intuito de esclarecer sobre os limites entre o humor e a ofensa. Logo, essa realidade poderá ser desconstruída no país.