Título da redação:

Humor garantido

Tema de redação: Os limites entre humor e ofensa

Redação enviada em 07/12/2017

No repertório do grupo de comédia “Os Trapalhões”, sempre foi comum a presença de piadas que exploravam estereótipos e preconceitos da sociedade para provocar o riso. Assim como eles, muitos outros comediantes modernos abordam temas polêmicos em suas apresentações e, por muitas vezes, são atacados por parte da sociedade que se ofende com determinadas declarações. Nesse contexto, vem à tona a questão sobre quais seriam os limites do humor. Essa é uma discussão que divide opiniões entre os humoristas, no entanto, é realmente necessário que eles reconheçam a influência que exercem sobre a sociedade e tratem determinadas temáticas com mais cautela. Hodiernamente, um dos casos de maior repercussão nacional em que o limite entre o humor e a ofensa foi rompido envolveu o humorista Rafinha Bastos e a cantora Vanessa Camargo. O referido comediante não se desculpou publicamente pela piada e defendeu a liberdade para tratar dos mais diversos assuntos sem qualquer tipo de censura. Nesse cenário, é relevante perceber que, embora a livre expressão esteja prevista como direito na Constituição Federal, ela não pode ser usada como justificativa para violar demais previsões constitucionais, como a proteção da honra das pessoas. Outrossim, conforme o documentário “O Riso dos Outros”, disponível no YouTube, muitos comediantes, dentre eles o apresentador Danilo Gentili, adotam a ideia de que tudo é válido para fazer a plateia sorrir. Essa é uma postura perigosa, porquanto o grande alcance da mídia moderna difunde o conteúdo produzido por eles de forma que pode chegar facilmente a pessoas sem o devido discernimento para desconsiderar determinadas ideias sobre temáticas polêmicas que são, frequentemente, objeto de piadas. Destarte, esse poder de disseminação reforça a necessidade de se respeitar os direitos humanos mesmo no universo da comédia. Dessa forma, cabe ao Poder Judiciário preservar a dignidade e conferir segurança jurídicas às pessoas por meio da produção de jurisprudência no sentido de coibir o abuso do direito de expressão pelos humoristas quando tratam de assuntos que ferem os direitos humanos. Ademais, é dever do Poder Executivo, por intermédio do Ministério dos Direitos Humanos, juntamente com o Ministério da Cultura, fiscalizar os espetáculos de comédia e punir, no exercício do poder de polícia, os artistas que explorarem preconceitos e estereótipos sociais sem a devida responsabilidade social que deveriam assumir. Desse modo, os limites do humor serão respeitados e as minorias terão seus direitos garantidos.