Título da redação:

Arma do riso

Tema de redação: Os limites entre humor e ofensa

Redação enviada em 26/05/2018

É indubitável que o humor abra vínculos sociais e possibilita a criação de críticas atenuadas de temáticas atuais decorrentes. Entretanto, quando extrapolados os limites, pode gravemente ferir grupos minoritários e abrir caminhos para o bullying e agressão psicológica. Nesse sentido, é necessário que medidas sejam tomadas para que uma ferramenta de prazer humano não se confunda com uma de ódio. Em ocasiões, piadas direcionadas às pessoas de cor, sexualidade, gênero e classes sociais diferentes do interlocutor ocasionam na estereotiparão e diminuição do papel que exercem na sociedade. Segundo Durkheim, uma estrutura social é como um organismo vivo: se parte não funciona ou for atacada, o conjunto está comprometido. Sob essa ótica, percebe-se que quando um indivíduo ataca outro, ele mesmo se machuca. Comédia mal colocada pode gerar um estrago no núcleo da contemporaneidade humana e desestabilizar o bem-estar geral. Outro caso pertinente é quando o humor é utilizado intencionalmente com o intuito de denigrir a imagem de alguém, causando severos traumas psicológicos, o que transcorre à cenários alarmantes como o bullying, tentativa de suicídio e depressão. Esse comportamento é muito presente entre crianças e adolescentes, os quais não possuem mecanismos de defesa robustos para filtrar o que é dito a eles. De acordo com o pensamento aristotélico, o objetivo final do ser é encontrar felicidade plena. Em situações como essa, a felicidade é o último vetor encontrado e, infelizmente, causam cicatrizes. É notório que, portanto, enraizado na piada está o preconceito e as próprias inseguranças do “humorista”. Então, se forem consideradas as lições de Durkheim e Aristóteles, é visível a urgência do problema dentro do cotidiano. É necessário que o Ministério da Educação promova palestras, diálogos entre alunos e sociólogos por meio de seminários, campanhas midiáticas, exposições de questões sociais e vulneráveis ao escrutínio do humor. Dessa forma, estar-se-á reeducando o futuro conjunto social para que, a longo prazo, a consciência e moral humana sobreponha a necessidade do deboche.