Rosseau, iluminista, idealizou o Contato Social como a capacidade de o Estado promover acesso aos bens mantedores da igualdade social e da dignidade. Porém, na contemporaniedade brasileira, esse ideal é falho, vide a inclusão digital. Esta, por sua vez, prevê o acesso democrático da população à tecnologia de informação. No entanto, a desigualdade geográfica no acesso ao serviço, bem como a falta de habilidades e conhecimento das ferramentas tecnológicas são impedimentos à plenitude da inclusão digital. A desigualdade geográfica do acesso à rede de tecnologia e comunicação é um fator histórico oriundo da formação do Estado Brasileiro. Esta seguiu uma orientação colonialista e mercantil, a favorecer investimentos no litoral e nas regiões Sul e Sudeste, cenário em que se fundamenta a desigualdade no acesso a serviços, como o direito à internet. Esse contexto, portanto, contribui para o impedimento da inclusão digital, uma vez que, a lógica da lucratividade imposta pela privatização do setor de telecomunicações exclui locais mais carentes do plano de negócios e expansão empresarial. Desse modo, tem-se o cenário contrário: a exclusão digital. Não à toa, é que, segundo pesquisas, nas regiões Norte e Nordeste do Brasil onde há o maior número de excluídos digitalmente, o que afetará a promoção de oportunidades e exercício da cidadania. Em 2014, o país adotou o Marco Civil da Internet, uma legislação que define direitos e obrigações dos usuários na rede. No entanto, muitos não possuem conhecimento dessa, nem habilidades em relação ao uso das tecnologias digitais. Por conseguinte, cria-se um impedimento a inclusão, pois, não basta ter acesso à internet e as suas ferramentas (computadores, tablets, celulares) é preciso saber usá-las favoravelmente. Entretanto, a cultura brasileira é de usar a internet, principalmente, para o entretenimento. Desse modo, as suas diversas funcionalidades como informar-se, pagar contas, obter documentos, acabam não sendo exploradas, seja pela falta de conhecimento ou de habilidades. Portanto, é imprescindível que as esferas governamentais qualifiquem as concessões dadas ao setor de telecomunicações, desenvolvendo regras de atuação dessas empresas que favoreçam a difusão do acesso à rede em todas as regiões do país, para então tornar real o Contrato Social idealizado por Rosseau. Ademais, é necessário promover a difusão do conhecimento das funcionalidades das tecnologias. Isso por meio de um manual elaborado pelo Ministério da Educação e pelo Ministério da Tecnologia e Comunicação, entregue à população nas ruas, escolas e universidades e exposto pela mídia, para informar e instruir a população acerca do assunto.