Título da redação:

Privilégio de Classe

Tema de redação: Os impedimentos da Inclusão digital na contemporaneidade brasileira

Redação enviada em 01/11/2017

Em seu livro, “Por Uma Outra Globalização”, o geógrafo Milton Santos denuncia o monopólio da posse das técnicas por grandes aglomerados empresariais. Tal concentração criou uma relação simbiôntica entre a tecnologia e o capital, o que condiciona o acesso à bens eletrônicos e virtuais ao poder econômico. Esse efeito é mais notório em países emergentes, como o Brasil, no qual tanto a exclusão digital quanto a desigualdade social são realidade. Ora, o uso da tecnologia é um privilégio de classe. Em primeira análise, a má distribuição de renda vigente contribui para a problemática. Segundo o filósofo Jean Baudrillard, a lógica de consumo no sistema capitalista está na impossibilidade de todos consumirem. Assim, o acesso à determinados bens de consumo é limitado a uma parcela, a qual possui condições de aquisição. Dessa forma a desigualdade funciona como ferramenta de controle desse modelo, restringindo a posse de produtos digitais, no Brasil, de forma ainda mais aguda, devido a gigantesca disparidade de distribuição de renda, o qual fornece números alarmantes, como o registrado na revista Carta Capital, onde 1% dos mais ricos detém 27% da renda total do país. Logo, a democratização da tecnologia navega contra o capitalismo inconsciente. Ademais, a precariedade das escolas públicas agrava essa mazela. A escola é uma instituição social fundamental na promoção da cidadania e na inclusão social do indivíduo. Dessa maneira, os centros de ensino seriam um espaço para a inserção da população carente no universo digital, alfabetizando-as e lhe dando acesso direto aso benefícios dessa tecnologia. Porém, de acordo com uma pesquisa realizada pela UnB, menos de 1% das escolas no Brasil possuem condições ideais, deixando a deriva milhões de estudantes, que excluídos da principal ferramenta do século XXI, são destinados à ignorância. Por conseguinte, a estruturação das escolas é um passo rumo a inclusão digital. Repensar, portanto, o acesso à tecnologia como um direito universal é fundamental para a transformação da sociedade. Sendo assim, a criação de um projeto de lei, por intermédio do Poder Legislativo, que abatesse os impostos de produtos eletrônicos para pessoas de baixa renda, aumentaria o alcance desses bens de consumo, provocando, consequentemente, a inclusão digital. Além disso, a criação de escolas equipadas, com computadores, internet e professores de informática, via Ministério da Educação, por meio da destinação de verbas para os governos estaduais, criaria portal de acesso a cidadania.