Título da redação:

Perversidade virtual

Tema de redação: Os impedimentos da Inclusão digital na contemporaneidade brasileira

Redação enviada em 02/11/2017

A inclusão digital é um fenômeno advindo da globalização que tem por objetivo, gradativamente, ampliar o número de pessoas com acesso à internet. Contudo, como previu o geógrafo Milton Santos, a globalização, analisada em diversas escalas, pode ser considerada como perversidade, uma vez que não chega igualmente a toda população. Nesse sentido, a utilização do meio virtual continua sendo um sistema agravante da desigualdade social. A priori, a hierarquização regional brasileira privilegia regiões pioneiras da industrialização em detrimento das demais interioranas. Isso ocorre porque a formação do país promoveu uma concentração industrial, em geral, nas regiões do Sul e Sudeste. Nesse contexto, o governo priorizou essas áreas para a disponibilização de redes urbanas, com isso, o acesso à internet. Em contraposição, as outras regiões permanecem escassas a esse direito, pois nota-se a ausência de acesso à internet ou técnicos para essa dificuldade. Assim, a desigualdade digital é discrepante. Um exemplo disso são as cidades Rio de Janeiro e São Paulo que são os principais polos tecnológicos do Brasil. Outrossim, a inclusão digital também é dificultada pela infraestrutura intermunicipal segregacionista. As cidades brasileiras, em sua maioria, dão preferencia aos centros urbanos, onde se concentra a maior parte da população de renda alta. Nesse âmbito, a falta de administração da periferia faz com que tais locais permaneçam à necessidade de estruturas, dentre elas, do acesso à tecnologia. Tal efeito provoca a exclusão social, uma vez que esses indivíduos não participam dos meios digitais. Isso se comprova pelo desaparecimento de "lan houses" em áreas abastadas e a sua presença em locais mais pobres, mostrando como o acesso à internet nessas áreas é limitado. Em vista dos fatos supracitados, evidencia-se que a desigualdade social abrange o meio digital. Para amenizar esse fato, é necessário que o Sistema Executivo participe mais da administração de áreas interioranas, invista em empresas de telefonia e energia a se expandirem nessas áreas, por meio de incentivos fiscais. Além disso, o Ministério da Educação deve atuar em escolas públicas, universidades e bibliotecas, disponibilizando computadores para que os estudantes possam usufruir desse recurso mesmo não tendo o aparelho em domicílio. Dessa forma, o meio virtual deixará de ser visto como um fator da perversidade da globalização e sim como possibilidade, pois se expandirá qualitativa e quantitativamente.