O trânsito é um sistema composto por seres humanos e veículos, que precisam coexistir em harmonia para o bom desenvolvimento da sociedade. Para tanto, o respeito às normas estabelecidas e, sobretudo, a responsabilidade são condutas essenciais para uma boa convivência em sociedade. Contudo, notícias de acidentes com vítimas fatais ou com sequelas tornaram-se rotineiras, fato que radiografa como esses preceitos não estão sendo respeitados. Em primeira análise, além dos acidentes provocarem prejuízos físicos e psicológicos irreparáveis para as vítimas e seus familiares, eles ocasionam, também, gastos exorbitantes para o Estado. Nesse sentido, de acordo com um levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as despesas com o suporte às vítimas de acidentes de trânsito em 2014, apenas nas rodovias federais, chegaram a aproximadamente 7,5 bilhões de reais. Quantia que poderia estar sendo investida em outros setores como educação, saúde e infraestrutura. Em segunda análise, outra consequência dos acidentes de trânsito é a redução da produtividade do país. Nessa perspectiva, segundo a Escola Nacional de Seguros, apenas no ano de 2017, o Brasil deixou de produzir 199 bilhões de reais, valor que corresponde ao que seria gerado pelas vítimas que faleceram ou ficaram com sequelas permanentes, impossibilitando-as de exercer atividades laborais. Dessa forma, além dos gastos com resgate e tratamento, os acidentes de trânsito geram prejuízos às forças de trabalho do país. Ademais, a impaciência e a falta de bom senso, somados ao desrespeito às leis de trânsito, têm suscitado o aumento do número de brigas de trânsito que, em alguns casos, resultam em agressões físicas que podem ser fatais. Assim, apenas em São Paulo, em 2016, a Polícia Militar registrou em média 20 casos de brigas de trânsito por dia. Estatística alarmante que denuncia como a sociedade está intolerante. Os acidentes de trânsito são resultado de uma cultura comportamental irresponsável que ainda predomina na sociedade brasileira e a educação é o principal agente transformador dessa realidade. Portanto, é necessário que o Ministério da Educação inclua na sua Base Nacional Comum Curricular, noções de educação no trânsito, para que esses ensinamentos comecem a ser apresentados ao cidadão ainda na idade escolar, quando os seus valores ainda estão sendo construídos. Outrossim, é preciso que o Estado, por meio do DETRAN, realize campanhas de conscientização nas escolas e meios de comunicação. Em consonância, é substancial que o Conselho Nacional de Trânsito exija a obrigatoriedade do ensino da direção defensiva nas Autoescolas. Por fim, a intensificação das fiscalizações de trânsito, realizadas pelas Polícias Rodoviárias Federais e Militar, são indispensáveis para coibir infrações e prevenir acidentes.