No universo de “Game of Thrones”, a rainha Daenerys pune com pena de morte todos aqueles que atentam contra a sua sociedade, ignorando os conselhos de seu amigo Tyrion Lannister sobre abrir-se ao diálogo com quem dela discordar. Contanto, fora das telas, os brasileiros têm agido usualmente como a principal personagem da série, partindo para a violência em momentos que requerem grande cautela. No trânsito, contudo, esse aspecto faz-se mais visível, pois o espaço que deveria ser aberto à discussão normalmente acaba inviabilizado pelo desrespeito e desejo de vingança. Sabe-se que, segundo a campanha publicitária contra mortes no trânsito, fornecida, em 2017, pela Prefeitura de São Paulo, 92% das mortes ocorridas no tráfego são causadas pela imprudência. Ademais, compreende-se que esse conceito não restringe-se somente a uma desatenção geral, mas também diz respeito ao desprezo para com a liberdade do outro, a partir do momento que lhe é negado o julgamento judicial e o infrator é prontamente punido com o uso da força bruta. Assim sendo, percebe-se que quando um acidente por si só não gera fraturas ou mortes, a violência no trânsito pode encarregar-se de fazê-lo. Entretanto, a morte não acidental que é fruto da violência no trânsito, não é a sua única consequência negativa. Dessa forma, a afirmação, do filósofo Jean-Paul Sartre, de que a violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota, ganha exemplo prático. Afinal, ao violentar alguém fisicamente ou verbalmente, viola-se a Constituição do Brasil que garante a todos o direito à vida e à liberdade, já que aparta-se do indivíduo violentado a sua capacidade de defesa e, em casos mais graves, a possibilidade de retornar à casa. Por conseguinte, torna-se claro que a violência no trânsito é tão perigosa quanto os acidentes que podem desencadeá-la. Portanto, medidas são necessárias para resolver o impasse. Cabe, ao Governo Federal, o dever de informar a população sobre os malefícios da violência no trânsito em meios de comunicação governamentais de acesso em massa, como o programa de rádio “Hora do Brasil”, cujo maior público são os motoristas de automóveis particulares. Por sua vez, é dever das prefeituras diminuírem os limites de velocidade em vias municipais superlotadas com o intuito de reduzir os riscos de acidentes e, consequentemente, de que ocorram atos violentos. Desse modo, o Brasil erradicará os problemas desencadeados pela violência no trânsito.