Escassez da razão No século XVIII, surgia na Europa a corrente filosófica do Iluminismo. Tal linha de pensamento, seguida e defendida por célebres nomes como Voltaire, creditava à razão o poder de possibilitar ao homem a resolução de seus problemas e aprimoramento desse no que remete à habilidade cognitiva. Passados vários anos desde o denominado “século das luzes”, percebe-se que a racionalidade tem sido amplamente empregada nas ciências enquanto que sua aplicação na solução de problemas cotidianos tais como desentendimentos no trânsito- é de pouca expressão, gerando situações de violência com perdas humanas e financeiras. Segundo o filósofo e sociólogo francês Sartre, “a violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota”.Desse modo, o uso de agressões físicas e morais como modo de fazer prevalecer a própria opinião ou simplesmente extravasar emoções de ira não é uma atitude racional a ser tomada m ocasiões de colisão entre veículos, ultrapassagens indevidas ou em outras situações inerentes ao trânsito. Em decorrência da falta de sensatez de alguns indivíduos, simples ocorrências, passíveis de serem resolvidas por meio do dialogo, têm se transformado em motivo para brigas e, ate mesmo, assassinatos. De acordo com dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), as mortes no trânsito figuram entre as três principais causas de óbito ao redor do mundo. No Brasil, a realidade não é diferente. Todos os anos milhares de pessoas perdem a vida por conta de imprudências e da falta do discernimento necessário para evitar o uso da violência como método de resolução de desentendimentos. Como explicitam os cálculos da Escola Nacional de Seguros , tal número é tao grande que chega a representar uma redução de 146 bilhões do PIB (Produto Interno Bruto) anual devido à perda capacidade produtiva. Demonstra-se, desse modo, que a crítica feita pelo cantor Gonzaguinha ao afirmar afirmar que “não somos feras” e nem “bestas”, mas seres piores, faz-se coerente diante da capacidade cognitiva humana e o não uso desta, ocasionando perdas humanas e financeiras ao País. Dessarte, o caminho da razão, de há muito defendido pelos iluministas, mostra-se a melhor opção para a diminuição da violência no trânsito. Sendo assim, cabe a cada indivíduo o uso do diálogo como meio de solucionar desentendimentos advindos da circulação de veículos nas vias e, dessa maneira evitar recorrer a agressões físicas e morais. Além disso, é essencial a participação do governo federal, estadual e municipal na promoção de campanhas, visando a conscientização da população acerca da importância do uso da racionalidade nas relações inter-humanas, em especial no trânsito.