Título da redação:

Buracos e furadeiras

Tema de redação: Os impactos da economia colaborativa no cenário de crise econômica do Brasil

Redação enviada em 03/10/2018

“Você não precisa de uma furadeira, apenas de um furo na parede”. Essa frase é considerada por muitos como a síntese do que se entende por economia colaborativa. Em um contexto de mundo em crise, a economia colaborativa nasceu em resposta aos hábitos de consumo contemporâneo, que já vem se demonstrado insustentável e dando sinais de cansaço. Apesar de revelar-se como um modelo de negócio mais moderno e consciente, os entraves burocráticos ainda são um entrave para seu pleno desenvolvimento. Nesse sentido, cabe ao Estado repensar qual tipo de empreendimento ele visa incentivar. Primeiramente, deve-se compreender como a economia colaborativa . Esse novo jeito de fazer economia consiste, basicamente, no compartilhamento de bens, serviços e meios de consumo. Indo de encontro aos interesses de super-consumo pregados pelo mercado atual, esse modelo surge exatamente como uma alternativa a isso, buscando sustentabilidade financeira e ambiental. Alguns exemplos mais famosos são a Uber e Airbnb. Entretendo, a economia colaborativa transborda os limites macroeconômicos, atingindo também um estilo de vida mais sustentável, baseado na equidade entre as partes. Diante de um Brasil que sofre com 13% de desemprego, no qual a desigualdade é abissal, princípios como horizontalização das relações, compartilhamento de bens e fragmentação do monopólio das grandes empresas por aquilo que se entende como negócio parece fazer sentido. Não por acaso, o país é o principal expoente desse modelo de negócio dentro da América Latina. Ou seja, diante do colapso da economia brasileira, e do mundo, transferir iniciativa aos particulares revela-se sentado. Porém, o Estado aparenta não saber ao certo como lidar com essa nova tendência. Envolto em um sistema demasiadamente complexo de tributação, o governo federal encontra-se constantemente indeciso sobre qual lado tomar parte. Como foi o famoso impasse entre a regulamentação da Uber e a revolta dos taxistas. Os últimos alegavam a impossibilidade de competirem com os preços do primeiros, menores, em razão do pagamento de licenças que a Uber não era obrigada a realizar. Contudo, o clamor popular pela adesão do aplicativo prevaleceu. O Estado, como representante de sua sociedade, deve agir de forma condizente ao interesse de sua nação, ademais, planejar aquilo que pretende como futuro. Isto é, frente a um sistema insustentável em diferentes aspectos, cabe ao poder público priorizar a sustentabilidade, mesmo que isso signifique abdicar-se de legislar sobre determinados tipo de economia, em um movimento mais liberal. Infere-se, portanto, que modos inovadores e criativos de fazer economia emergem como uma solução interessante a um país em crise, porém cabe ao Estado entender seu papel nesse contexto. Partindo do pressuposto que a economia colaborativa parte da iniciativa privada, o poder Legislativo deve cria uma legislação específica que trace em linhas bem gerais o funcionamento desse tipo de negócio, dando maior autonomia entre as partes. Ademais, o Executivo, em seu poder tributário, deve taxar de forma mínima esse modelo, por meio de um imposto único sobre a plataforma que opera os serviços. Ambas as medidas com o fim de criarem um ambiente propício para o florescimento da economia colaborativa. Dessa forma, estar-se-á mais próximo de um país mais sustentável, com menos furadeiras, e mais furos na parede.