Título da redação:

A situação de emergência pública da violência escolar

Tema de redação: Os fatores motivadores da violência escolar

Redação enviada em 29/07/2016

A violência escolar configura-se hoje como uma trágica constante nas várias instituições de ensino do país. Seja entre alunos e professores, seja entre os próprios estudantes, ela se manifesta por agressões verbais e físicas e tem como fatores motivadores a desvalorização histórica do professor, a vigente supremacia da “indústria de cursinhos” sobre a escola construtivista, o crescente individualismo contemporâneo cultuado desde a infância e a precária segurança dos centros educacionais. Não é difícil encontrar na mídia relatos de professores sendo desrespeitados e impedidos de exercer seu ofício, tanto na rede pública quanto privada. Esse problema revela uma grande contradição, relacionada ao desafio de se valorizar uma das profissões mais essenciais à sociedade, pois ela capacita os indivíduos para o trabalho e a vida, apesar de ser vista por muitos deles como prescindível e subordinada à vontade do aluno. Como resultado de tal incoerência, ameaças e ataques a docentes são provocados por razões cada vez mais ínfimas, como mínimas reclamações dadas, consideradas ofensivas, e notas baixas supostamente mal avaliadas. Ademais, é perceptível que, para uma nota ser motivo de violência, há uma grande valorização de seu símbolo social agregado em detrimento do aprendizado em si, o que é fruto da falência da educação humanizada e prestígio ao ensino voltado exclusivamente ao vestibular, pautado em rankings e status. Por conseguinte, a escola passa a ser um ambiente hostil entre o aluno e seus colegas, entendidos como concorrentes, e falha na sua função principal de construir cidadãos. Embora a violência tenha no próprio ambiente escolar suas principais causas, deve-se analisar também o espaço doméstico e familiar, em que o individualismo e preconceitos podem ser cultivados, causando posteriormente o bullying, uma emergência pública essencialmente ligada à intolerância e acentuado pelo advento de novas tecnologias da comunicação como a internet. Por isso, é dever da escola atuar junto aos pais na superação de valores erroneamente estabelecidos, visando à erradicação da perseguição entre os alunos, junto aos casos de depressão e suicídio nas escolas. Ainda no intuito de estabelecer um convívio harmonioso, é necessário rever as medidas de segurança tomadas nos centros de ensino através da melhor fiscalização da entrada de pessoas e objetos letais, evitando, assim, tragédias como os massacres de Realengo e Columbine. Portanto, para eliminar a violência escolar e seus respectivos fatores, é preciso investir em programas e palestras ministradas por pedagogos que promovam a integração dos estudantes, baseada na aceitação das diferenças e resolução pacífica dos conflitos através do diálogo. Somado a isso, deve-se conscientizar a população quanto à importância do professor para a sociedade, por meio de propagandas televisivas. Por fim, o Estado precisa considerar a aplicação de 10% do PIB na educação, permitindo a melhor segurança dos alunos e ensino de qualidade a todos, afinal, segundo o filósofo iluminista Immanuel Kant, “o homem é aquilo que a educação faz dele”.