Título da redação:

A banalização da cegueira

Tema de redação: Os fatores motivadores da violência escolar

Redação enviada em 17/05/2016

A insensibilidade e a indiferença diante do problema do outro são retratadas pelo escritor português José Saramago como desvios de moral da sociedade contemporânea. No livro “Ensaio sobre a cegueira”, o autor utiliza metáforas para condenar valores como a crueldade, o egoísmo e a competição. Analogamente a isso, a escola – local responsável pela educação e socialização da criança e do adolescente – transformou-se em um cenário de degradação da convivência humana, vínculos afetivos e os valores éticos. Nesse sentido, a violência escolar encontra-se como uma problemática social, sendo necessário considerar fatores motivadores internos e externos à instituição de ensino. No aspecto interno, a falta de diálogo entre alunos e professores, associado ao abuso de poder e autoritarismo de alguns pedagogos, gera uma onda de hostilidade dentro das salas de aula. A situação dos educadores também é desconfortável, pois muitos sofrem desrespeito e insultos. Tal conjuntura origina violências psicológica, física e patrimonial dentro de instituições de ensino. Além disso, a carência na infraestrutura, a falta de materiais didáticos e a insegurança são fatores que, reforçados pelo clima de desmotivação de alunos e professores, reproduzem a banalização da má educação. Sob o contexto externo, a violência estampada nas ruas das cidades levam os jovens a perder a confiança em uma sociedade justa e igualitária, tornando-os violentos. A precariedade dos locais de moradia e convivência de crianças e adolescentes contribui para a construção de uma cultura brutal em que impera discriminação. Desse modo, problemáticas presentes fora dos centros de ensino, como o racismo e a exclusão social, também estão presentes dentro das escolas, ocasionando um cenário nefasto. Diante disso, fica evidente que a violência escolar representa um retrocesso social e precisa ser contida. Para tal, torna-se necessário que o Estado valorize os educadores, fornecendo um salário digno e o merecido reconhecimento. Cabe também à escola contratar profissionais na área da psicologia para realizar atendimentos e auxilio aos alunos e professores. Ademais, cabe à família educar os jovens com valores que prevaleçam o respeito ao próximo, sendo que a base familiar é fundamental para o início da construção do cidadão. Somente assim a cegueira da violência escolar poderá ser transponível.