Segundo o escritor Franz Kafka, a solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana. Nessa perspectiva, a doação de sangue é um ato de cidadania capaz de salvar várias vidas. Entretanto, o percentual de doadores no Brasil ainda é considerado baixo, visto que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), apenas 1,8% da população é doadora de sangue. Nesse contexto, convém analisar como aspectos sociais e estruturais dificultam o processo de ser solidário. Em primeira análise, cabe pontuar que o desconhecimento da população sobre a importância de se doar sangue é um dos principais obstáculos à doação no país. Tal falto se justifica pela falta de informação, fruto de campanhas publicitárias insuficientes para incentivar novos doadores. Por consequência disso, nos meses de maior demanda, como dezembro e fevereiro, épocas em que ocorrem mais acidentes automobilísticos, os estoques nos Hemocentros são drasticamente reduzidos. Além disso, muitas pessoas ainda buscam na doação a obtenção de vantagens pessoais, como ganhar o dia de folga no trabalho. Assim, observa-se uma carência de responsabilidade social em relação a esse processo fundamental ao sistema de saúde pública. Outro fator que corrobora para a dificuldade de se obter doadores é o baixo números de locais de coleta nas cidades, principalmente longe dos grandes centros urbanos. Por conseguinte, muitos doadores precisam percorrer grandes distâncias e esperar muito tempo para realizar a doação. Ademais, a deficiência de agências de transfusão na maioria dos hospitais dificulta a armazenagem do material e aumenta a quantidade de descarte de bolsas de sangue no caso de não serem utilizadas em um determinado procedimento médico. Portanto, medidas são necessárias para superar o impasse. Sendo assim, a mídia tem papel imprescindível no processo de divulgação de dados informativos sobre campanhas de doação, seja por meio da internet ou pela televisão. Outrossim, o Ministério da Saúde em parceria com os governos estaduais deve investir em unidades móveis de coletas de sangue no intuito realizar ações itinerantes em cidades que não contam com Hemocentros. Dessa forma, haveria um aumento no número de pessoas exercitando a solidariedade.