Medo. Agulha. Dor. Falta de tempo. Essas são algumas das inúmeras desculpas utilizadas por grande parte da população brasileira para não realizar uma doação de sangue. Na década de 1980, a doação de sangue, no país, teve que ser remunerada para se conseguir um número de doadores disponíveis, mas em 1988 o pagamento foi proibido pela Constituição, no entanto diversos outros benefícios foram concedidos aos doadores para fomentar as doações. Todavia os muitos empecilhos ainda acarretam em um número pequeno de pessoas dispostas a doar sangue. Sabe-se que apenas 1,8% da população brasileira é doadora de sangue e que a meta da OMS é chegar entre 2,5% e 3,5% de doadores, mas a falta de informações sobre a importância em fazer a doação, concomitante ao desinteresse dos cidadãos em ajudar o próximo, contribuem para o decréscimo dos estoques nos bancos de sangue do país. Muitas pessoas desconhecem que a quantidade desse líquido retirada do corpo delas é muito pequena para si, mas pode ajudar em média 3 outras pessoas. Além disso, que as bolsas de sangue são muito utilizadas em casos cirúrgicos, casos de transplantes renais, em pacientes com câncer, dentre outras necessidades. Esse desconhecimento dos casos e dos números necessários para supri-las, diminui ainda mais a quantidade de voluntários disponíveis. Além da falta de doadores, há também aqueles que procuram um hemocentro apenas para realizar exames de sangue, pois às vezes desconfiam de que possuem alguma DST e sabem que ali obterão um resultado gratuito, isso prejudica a qualidade do sangue doado, além de fazer com que os funcionários percam tempo de trabalho na separação do sangue que realmente poderia ser utilizado por outra pessoa. No Brasil, existem Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) que proporcionam a realização de forma rápida, gratuita e sigilosa de testes para HIV, sífilis e hepatites B e C, porém não são muito divulgados, assim as pessoas acabam indo ao banco de sangue para realizar tais exames. Portanto, é preciso despertar a população sobre a grande importância que é doar sangue, mostrar que realmente o doador salva outras vidas, para que muitas pessoas entendam que isso só traz benefícios para si e para a sociedade. Para tanto, os professores de todas as escolas do país devem promover debates, trabalhos e palestras entre os alunos do ensino médio, já que esses são doadores em potencial, para que estes adquiram, precocemente, a consciência em ajudar o próximo e entendam a gratificação dessa causa. Ademais, o governo federal deve investir mais em propagandas midiáticas que mostrem as situações que precisam de sangue e apele para os doadores,além de divulgar informações sobre os CTAs. Deve investir, também, em telemarketing que avise àqueles que já são doadores sobre a data disponível para uma nova doação e já possam reagendá-la, para que eles não se esqueçam e não prologuem o retorno.