Título da redação:

Doação de sangue: preconceitos e compromissos

Tema de redação: Os empecilhos da doação de sangue no Brasil

Redação enviada em 13/04/2018

É inegável que o ato de doar sangue pode salvar vidas. Além disso, essa atitude constitui uma importante demonstração de compromisso com a saúde pública. No entanto, nota-se que a doação de sangue no Brasil ainda sofre com alguns empecilhos, relacionados principalmente com a manutenção de posturas discriminatórias questionáveis no processo de seleção de doadores. Uma situação pertinente e capaz de ilustrar o referido problema é a doação de sangue por homossexuais. De acordo com o inciso IV, art. 64 da portaria 2712 do Ministério da Saúde (12/11/2013), considera-se "inapto temporário por doze meses" o candidato do sexo masculino que tenha praticado "sexo com outros homens e/ou com as parceiras sexuais destes". Ainda que os grupos LGBT sejam, de fato, considerados "grupos de risco" devido à maior incidência de doenças sexualmente transmissíveis, há de se questionar o conteúdo dessa norma, pois nem todos os homossexuais são portadores de DSTs e todos os candidatos à doação passam obrigatoriamente por exames de aferição da qualidade sanguínea. É compreensível o comprometimento do Ministério da Saúde com a segurança dos procedimentos de transfusão, mas a manutenção de medidas como a citada pode acabar afastando potenciais doadores de sangue simplesmente por conta de preconceito. Além da violação do princípio de isonomia, práticas como aquela podem vir a impedir a salvação da vida de uma pessoa necessitada. Para que seja possível contornar esses empecilhos e elevar o número de doadores de sangue, é necessário que se realize, primeiramente, uma revisão das regras referentes à legislação sobre a doação de sangue para que sejam eliminadas as antinomias e as normas de cunho preconceituoso. Em seguida, é preciso melhorar a formação humanística de profissionais de saúde, que devem ser capazes de acolher todos os candidatos à doação sem realizar discriminações injustificadas. Por último, mas não menos importante, deve-se aprimorar as técnicas de avaliação da qualidade sanguínea para promover a garantia de transfusões confiáveis e consoantes aos parâmetros de segurança.