O direito à saúde de qualidade e digna é um princípio inviolável garantido na Constituição do Brasil. No entanto, o que deveria ser um preceito a ser seguido pela ampla sociedade brasileira não materializa-se, muitas vezes, na doação de sangue. Dentre os principais motivos que contribuem para a não realização do gesto solidário destacam-se a falta de conscientização e o estigma presente no país. A priori, é notório que a falta de mentalidade é um empecilho na doação de sangue no Brasil. Isso acontece,infelizmente, porque o país não possui uma política para captar e incentivar o doador voluntário desde criança; ademais, na pós-modernidade as pessoas, conforme defende o sociólogo Zygmunt Bauman na obra "Amor Líquido", não primam pelas relações interpessoais. Muitos indivíduos, por exemplo, só doam sangue para algum familiar ou amigo próximo. Em consequência disso, a formação do do doador espontâneo fica comprometida, como aponta Yeda Maria presidenta do HEMOBE ( Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco ), na qual é preciso formar doadores com responsabilidade social. Além disso, nota-se, ainda, que o estigma é um entrave para realização plena da doação de sangue. Isso decorre, lamentavelmente, da existência de alguns mitos errôneos que cercam o gesto solidário, tais erros são preestabelecidos às pessoas, como discorre Pierre Bourdieu em sua teoria do "Habitus", em que à sociedade incorpora concepções da consciência coletiva, naturaliza e reproduz tais ideias. Muitas pessoas, erroneamente, por exemplo, tem medo de contrair alguma doença infecciosa durante a coleta. Dessa forma, faz-se necessário desfazer de tais estigmas para que haja uma consolidação doa ação humanitária. Infere-se, portanto, que a ausência de conscientização e mitos presentes na sociedade brasileira comprometem a doação de sangue. Para atenuar tal situação, o Governo, na figura do Ministério da Educação, em consonância com Ministério da Saúde, deve elaborar um projeto que acrescente nas grades curriculares do Ensino Fundamental e Médio matérias que primam a valorização da empatia, como Ética e Cidadania, a fim de desenvolver futuros doadores com responsabilidade social. Ademais, a mídia televisiva, deve promover uma campanha, com subsídio estatal, destinada ao público reticente, colocando em pauta a elucidação devidamente correta sobre o assunto, com o propósito de desmistificar mitos e orientar,adequadamente, o procedimento da coleta. Somente assim a doação de sangue no Brasil tornar-se-á um ato social pleno.