Título da redação:

Saída ressocializadora

Tema de redação: Os efeitos do fim das saídas temporárias de presos brasileiros

Redação enviada em 12/06/2018

O político e ativista ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Nelson Mandela, afirmou que uma nação não deveria ser julgada pelo modo como trata seus melhores cidadãos, e sim, como trata os piores. Nesse contexto, o fim das saídas provisórias dos detentos brasileiros revela uma sociedade desesperançosa, no que tange à suplantação da corrupção humana, e, sobretudo, a negligência estatal no processo de ressocialização dos presos. Desse modo, convém destacar os aspectos motivadores do imbróglio, bem como os efeitos precípuos dele. Cabe pontuar, em um primeiro plano, o descrédito da população brasileira, no que tange à índole dos detidos. Nesse sentido, analogamente ao discurso do ministro de propaganda nazista, Joseph Goebbels, de que uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade, as frequentes reincidências ao crime, por parte dos ex-presidiários, faz com que o tecido social passe a duvidar do caráter desses. Dessa forma, a supressão do benefício de saída temporária atua como resposta da sociedade e do poder público à noção de impunidade. Vale ressaltar, ainda, as consequências resultantes do fim do privilégio de saída passageira. Segundo o sociólogo francês Pierre Bourdieu, o processo de socialização humana se dá por meio do “habitus primário e secundário”, sendo esses caracterizados pelas relações sociais com a família e as demais instituições sociais, respectivamente. Nesse viés, com a supressão das saídas temporárias dos presos em datas comemorativas, tornam-se notórios os prejuízos nas relações sociais dos cativos, devido ao distanciamento do convívio social, o que pode implicar na reincidência ao crime. Desse modo, a sensação de rejeição, por parte dos presos, leva-os a optarem pelo crime, caracterizando uma reação em ciclo. Infere-se, portanto, a necessidade de permanência do benefício das saídas temporárias aos presos, uma vez que essas dificultam a reincidência ao crime. Nessa perspectiva, é essencial a atuação de ONG’s, em parceria com as instituições escolares, na promoção de campanhas com teor fraterno, a fim de indicar a postura ideal a ser adotada diante dos cativos, de modo a evitar comportamentos preconceituosos e excludentes da população. Outrossim, é mister que o governo, na figura do Ministério da Justiça, amplie a fiscalização dos detentos quando esses estiverem usufruindo o benefício de saída provisória, com o fito de deter qualquer tentativa criminosa e, consequentemente, a descrença da população quanto a essa parcela social. Só assim, com a aplicação de mecanismos exitosos, a nação será julgada positivamente, e evitar-se-á a reincidência ao crime.