Há muitos anos são feitas previsões alarmantes quanto à situação da água no Brasil, responsável por 90% da energia elétrica que abastece o país, segundo dados do Ministério de Minas e Energia. Contudo, por conta da falta de planejamento das autoridades brasileiras, o descaso da população em relação ao desperdício de luz e o agravamento do efeito estufa, o país enfrenta um cenário de crise hídrica, caracterizado pela falta de chuvas, represas à míngua, rodízio de abastecimento e apagões elétricos. Tal cenário, associado por décadas ao cotidiano dos nordestinos, passou a fazer parte, desde 2014, da vida dos habitantes do Sudeste e do Centro-Oeste, localidades que, em janeiro deste ano, sofreram com apagões. Atualmente, encaram-se graves problemas, a exemplo da dificuldade de transmitir a energia gerada, visto que o Brasil possui dimensões continentais. Consequentemente, há necessidade de construir usinas em diversas regiões, a fim de proporcionar uma distribuição igualitária, o que reduz a disponibilidade do recurso e acaba causando apagões. Para Luiz Pinguelli, professor de planejamento energético da UFRJ, outra problemática é a gestão desse recurso por economias público-privadas: empresas com esse perfil estão focadas em resultados financeiros, deixando de lado a preocupação ambiental. Entretanto, também é importante analisar aspectos secundários, como o descaso da população. Segundo dados do IBGE, 42% da produção brasileira é destinada ao uso residencial. Ao chegar às residências, boa parte dessa energia é desperdiçada com o uso simultâneo e demorado de muitos eletroeletrônicos e do chuveiro elétrico, além de lâmpadas durante o dia. Outro fator é o efeito estufa, o qual tem se acentuado ultimamente, desregulando o ciclo hidrológico – responsável por transformar a água entre seus aspectos físicos, gasoso, sólido e líquido -, o que, consequentemente, reduz a disponibilidade desse recurso. Tudo isso sobrecarrega o sistema de hidrelétricas brasileiro, como também encarece o custo da produção, o qual é repassado ao consumidor. No intuito de solucionar a problemática, é essencial que o Governo, por intermédio do Ministério de Minas e Energia, invista em pesquisas para o uso de fontes alternativas, como a eólica, além de subsidiar a instalação de painéis fotovoltaicos em prédios comerciais e residenciais, a fim de aproveitar a energia solar. Propagandas nas mídias e palestras em instituições de ensino são fundamentais para orientar a população a não desperdiçar energia. Em longo prazo, tais medidas acabam por atenuar o efeito estufa e contribuem para a manutenção desse recurso tão importante para a sociedade, a água.