A aceleração dos fluxos de informação propiciada pelas inovações no meio técnico-científico-informacional tem repercutido em toda vida social. Tal fator corroborou uma mudança significativa na vida das crianças, fazendo com que seus cotidianos passassem a ser cada vez mais permeados pelos dispositivos digitais, o que favorece a publicidade infantil. Por outro lado, devido aos padrões retrógrados de machismo, a sociedade insere, de forma sutil, o erotismo prematuro no universo feminino, por meio de brinquedos, músicas e competições. Nesse sentido, convém analisar as causas, consequências e possíveis soluções para o impasse. Conhecida popularmente como o “quarto poder”, a mídia se utiliza de meios apelativos para alcançar o público infantil, que é facilmente manipulável e tende a repetir o que vê e ouve. Essa problemática se torna ainda mais grave quando surgem cantores infantis que propagam em suas músicas a sensualidade e outros aparatos do “mundo adulto”, como é o caso da Mc Melody – visivelmente assediada por ser vista por muitos como objeto de sedução - e outras personalidades, que foram submetidas ao início precoce na carreira por incentivo e apoio dos pais e responsáveis. Dessa forma, evidencia-se que a erotização precoce expõe a criança à conteúdos que não condizem com sua idade e valida o pulo da etapa mais importante: a infância, pois é nela que são desenvolvidas capacidades cognitivas, criatividade, entre outros. Outrossim, as atitudes da sociedade e da mídia são, no mínimo, ancoradas em padrões machistas. A ascensão do mundo capitalista e consumista submente, de forma mascarada, a erotização precoce feminina, tendo em vista a quantidade de critérios impostos pautados em feminilidade e beleza física, propondo às garotas concursos de beleza e desfiles de moda acompanhados de sapatos de salto alto, maquiagens e corpos que atendam às referências da televisão. Todavia, essa perspectiva gera meninas que passarão grande parte de suas vidas tentando se encaixar em medidas físicas e rendendo-se à procedimentos estéticos prejudiciais à saúde, além de adquirirem problemas psicológicos e transtornos alimentares. Diante dos fatos mencionados vislumbra-se a gravidade do exposto, necessitando medidas que consigam resolvê-lo. Cabe à família o papel de reconhecer e intervir no problema, tentando ao máximo evitar que seus filhos estejam conectados a assuntos que não condizem com suas idades e praticando uma comunicação saudável a respeito dos padrões de beleza, a fim de evitar que eles se tornem adultos antes da hora. À mídia, convém mudar os textos e imagens de suas propagandas, colocando ilustrações que não remetam a exemplos a serem seguidos, com o intuito de eliminar a estimulação ao mundo adulto e os moldes machistas. Desse modo, as crianças crescerão de forma mais saudável menos tóxica.