Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente(ECA), deve ser assegurado às crianças, às quais carecem de atenção e extremo cuidado, todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana. Em contraposição a essa máxima, no Brasil, esse grupo apresenta uma violação da infância, decorrente da erotização, sexualização infantil, principalmente das meninas. Nesse sentido, fatores de ordem cultural e social caracterizam a problemática. É importante pontuar, de início, o amplo poder de disseminação de ideias e comportamentos da mídia como determinante na questão. À luz dos sociólogos da Escola de Frankfurt, como Theodor Adorno, esse meio seria extremamente alienante e produziria bens culturais como mercadoria e como estratégia de controle social. Com isso, a erotização infantil é difundida a partir de músicas, filmes e na própria Internet, na qual as crianças têm acesso a determinados comportamentos que passam a ser reproduzidos e fazem com que as etapas de crescimento sejam antecipadas. Tal fator pode ser ratificado pelos atores da série “Stranger Things”, os quais apesar de serem pré-adolescentes vestem como adultos , aparentando serem mais velhos. Logo, o debate a respeito do assunto torna-se fundamental, especialmente devido ao fato da erotização afetar o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes. Outrossim, vale ressaltar que o ambiente social no qual a criança está inserida também reflete no quadro vigente. Afinal, geralmente, as comunidades se apresentam como lugares de vulnerabilidade, onde o Estado não se faz muito presente, por isso o acesso à educação é mais debilitado e onde se encontra certa promiscuidade. Dessa forma, as crianças tendem a receber um precoce incentivo a sexualidade, principalmente em bailes funk, nos quais predominam músicas que fazem referência às “novinhas”. Como efeitos disso, há o fomento à pedofilia e o aumento de gravidez na adolescência. Por tudo isso, medidas são necessárias para a resolução do problema. É notória, portanto, a relevância de fatores de cunho cultural e social na temática supracitada. Nesse viés, cabe ao Ministério da Cultura o papel de utilizar o poder da mídia para informar e instruir as famílias e a sociedade acerca da importância de respeitar e preservar a fase da infância dos filhos, com o intuito de fazê-los apresentarem um desenvolvimento saudável e coerente com o tempo de amadurecimento de cada um. Tal medida pode ser efetivada por meio de anúncios e propagandas nos principais meios de comunicação. Ademais, é fundamental que os lugares de vulnerabilidade social possuam acesso à educação de qualidade, para que a população se torne mais engajada a respeito desse assunto. Para isso, é necessário o investimento em escolas e bibliotecas públicas nessas regiões, por parte do Governo Federal. Poder-se-á, assim, aproximar-se da concretude dos ideais do ECA.