Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Os efeitos da erotização infantil no Brasil

Redação enviada em 29/05/2018

A criança, assim como a argila úmida utilizada no feitio da cerâmica, assume a forma que lhe for conferida pelos gestos de quem a conduz. Logo, o comportamento dos adultos que convivem com crianças é determinante para o desenvolvimento delas. Todavia, ainda que seja reconhecido por muitos o impacto da conduta inadequada no desenvolvimento da criança, os maus-tratos infantis estiveram presentes em todos os momentos da história da humanidade. Porém, a despeito do fato de que as diferentes formas de abuso são reconhecidamente graves e passíveis de combate, a erotização infantil é a modalidade de abuso que mais causa danos, especialmente no Brasil, país líder no ranking latino-americano de violência contra a criança. Categorizada no âmbito da agressão sexual, a erotização infantil é um crime comumente praticado, instalando-se rápida e silenciosamente na sociedade brasileira. Dados da organização social Visão Mundial apontam para a prevalente ocorrência desse tipo de abuso nos ambientes de convivência familiar e social das crianças, locais onde essas normalmente se sentem seguras e, portanto, não veem necessidade de se defenderem de potenciais agressores. Dessa maneira, não surpreende que a maioria dos abusos sejam cometidos pelos próprios pais ou responsáveis por essas crianças. Ainda, outro aspecto que favorece a prática do abuso domiciliar é o fato de que muitas das agressões cometidas passam desapercebidas aos olhos dos demais que as consideram, equivocadamente, como atos corriqueiros da rotina doméstica familiar. Nesse sentido, um exemplo recente ocorreu com a cantora Mc Mellody, de apenas oito anos. Incitada pelo próprio pai, a menina dançou de forma sensual frente à homens adultos durante uma apresentação realizada, de madrugada, numa casa noturna de São Paulo. Em decorrência da brutal exposição, Mellody passou a ser assediada por pedófilos numa rede social. Ademais, a sexualização infantil precoce, em especial de meninas, ocorre, muitas vezes, por influência materna. Nos dias de hoje, infelizmente, é comum presenciar mães que incentivam as filhas pequenas a vestirem-se e comportarem-se como mulheres adultas instigando, assim, a sensualidade de forma prematura nas filhas. Consequentemente, as crianças, naturalmente predispostas à curiosidade, tendem a iniciar a vida sexual cada vez mais cedo, fato que, segundo levantamento realizado pela UNESCO, contribui para o crescente aumento do número de gestações em meninas na faixa etária de 10 a 14 anos no Brasil. Como consequências, o índice de evasão escolar entre meninas que engravidam precocemente é alto, assim como o agravamento do quadro de pobreza das famílias delas. No mesmo cenário, o preconceito e a violência social passam a fazer parte da rotina dessas crianças, que sofrem por não poder contar com orientação e acolhimento adequados. Além disso, a sexualidade infantil antecipada acaba favorecendo o fortalecimento do mercado da prostituição e do turismo sexual infantis no Brasil, dado corroborado pela alta frequência de turistas estrangeiros que procuram por sexo com crianças nas principais cidades turísticas do país. Para combater a erotização infantil, chaga social que prejudica gravemente a saúde e o futuro das crianças brasileiras, faz-se necessária uma coalisão entre representantes governamentais e da sociedade para que sejam realizadas ações e projetos que possibilitem a proteção da infância. Por exemplo, a inserção curricular de campanhas educacionais sobre sexualidade e prevenção de gravidez precoce, a serem realizadas por meio de profissionais habilitados que ministrarão palestras e distribuirão material informativo nas escolas do país, deverá ser pauta obrigatória no projeto de reforma do ensino médio do Governo Federal. Por sua vez, profissionais das áreas da saúde, da educação, do Direito e também líderes religiosos e comunitários deverão instituir centros de acolhimento e orientação familiar sobre a sexualidade infantil, com foco na realização de palestras e atendimentos individualizados, onde serão repassadas informações acerca dos direitos das crianças, o risco da erotização e da gravidez precoce, bem como o acolhimento e a recuperação de crianças já vitimadas por abuso.